Esta reunião, na qual Portugal estará representado pela ministra Marta Temido, realiza-se cerca de três semanas após um primeiro Conselho de Saúde extraordinário, celebrado em 13 de fevereiro em Bruxelas, para discutir o reforço da coordenação entre os Estados-membros nos esforços de contenção da propagação do novo coronavírus, que se intensificou entretanto, levando a que a avaliação de risco na UE tenha sido aumentada para “moderado a elevado”.
Na quinta-feira, intervindo numa sessão na comissão de Saúde Pública do Parlamento Europeu dedicada a um ponto da situação do surto, o diretor-geral de Saúde da Comissão Europeia sublinhou que, por ocasião da primeira reunião extraordinária de ministros da Saúde da UE de 13 de fevereiro passado, eram 44 os casos reportados na União Europeia e Reino Unido. Três semanas volvidas, e à partida para a segunda reunião extraordinária, são 3.400 os casos.
“Podem ver a diferença”, apontou John F.Ryan, notando que, depois da China e da Coreia do Sul, o país com mais casos reportados é a Itália, com mais de 3.000 casos reportados até quinta-feira e mais de 100 mortos.
No debate na comissão parlamentar, tanto o diretor-geral como a diretora do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (CEPCD) defenderam ser altura de os Estados-membros ativarem os seus planos de preparação para tentar conter o surto do novo coronavírus, face ao “expectável aumento” do número de infeções pelo Covid-19 na UE.
A reunião de hoje tem início às 10:00 locais, 09:00 de Lisboa.
Cronologia do Covid-19 em Portugal
Recorde-se que os primeiros dois casos em Portugal foram confirmados esta segunda-feira, 2 de março. O primeiro foi o de um homem de 60 anos, médico, que esteve no norte de Itália a fazer férias e cujos sintomas tiveram início a 29 de fevereiro. Ficou internado no Hospital de Santo António, no Porto.
O segundo caso é também de um homem, de 33 anos, cujos sintomas tiveram início a 26 de fevereiro. O homem esteve a trabalhar em Espanha e apresentou sintomas ligeiros, tendo ficado internado no Hospital de São João, no Porto.
O terceiro e quarto caso foram conhecidos na terça-feira, 3 de março. Segundo a DGS, o terceiro doente trata-se de um homem de 60 anos, de Coimbra, que está no Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, e tem ligação a outro caso confirmado para Covid-19. Já o quarto infectado é outro homem, este de 37 anos, internado no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, igualmente com ligação a um caso confirmado para Covid-19.
O quinto caso, confirmado esta quarta-feira, 4 de março, é o um homem de 44 anos, que esteve recentemente em Itália e está agora internado no Hospital de São João, no Porto. Trata-se de um professor da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto (ESMAE) e a instituição de ensino decidiu suspender as aulas. A Escola Profissional de Artes da Beira Interior, na Covilhã, onde o professor também lecionou, já fez saber que está a avaliar medidas.
O sexto caso, também foi confirmado esta quarta-feira, e trata-se de uma mulher no grupo etário dos 40 aos 49 anos que está internada no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. A doente é professora numa escola básica da Amadora. A diretora-geral da Saúde disse esta quinta-feira à RTP que a doente é professora na Escola Básica Roque Gameiro, na Amadora. O caso levou à suspensão das aulas para cinco turmas.
Esta quinta-feira foram confirmados mais três casos. O dois primeiros (o sétimo e o oitavo) durante a manhã; são dois homens que estão internados no Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto. A Direção-Geral da Saúde (DGS) indicou em comunicado enviado às redações que se trata de dois homens e que a situação clínica de ambos está estável. Num caso o doente tem 50 anos e veio de Itália; noutro, a DGS indica que tem 49 anos e ligação a outro caso confirmado.
Durante a tarde desta quinta-feira, dia 5, foi confirmado o nono caso, o de um homem de 42 anos que esteve em Itália e que se encontra em tratamento no Hospital Curry Cabral, em Lisboa.
Para além dos casos em Portugal, recorde-se que um tripulante português de um navio de cruzeiros está hospitalizado no Japão com confirmação de infeção. Antes, Adriano Maranhão, outro dos portugueses infetados no Japão com o novo coronavírus, teve alta hospitalar a 1 de março.
Em Portugal, quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas — que incluem febre, dores no corpo e cansaço — deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.
As recomendações de saúde para evitar infeções são as seguintes:
- Lavagem frequente das mãos com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
- Ao tossir ou espirrar, fazê-lo não para as mãos, mas para o cotovelo ou para um lenço descartável que deve ser deitado fora de imediato;
- Evitar contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
- Evitar contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
- Deve ser evitado o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos;
- Caso se dirija a uma unidade de saúde com suspeitas de infeção ou sintomas deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
De referir que a Direção-Geral da Saúde (DGS) lançou um microsite sobre o novo coronavírus (Covid-19), onde os portugueses podem acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo e esclarecer dúvidas sobre a doença.
O Covid-19 é o nome atribuído pela Organização Mundial de Saúde à doença provocada pelo novo coronavírus, que surgiu em Wuhan, na China, no final do ano passado.
Este surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.300 mortos e infetou mais de 95 mil pessoas, incluindo nove em Portugal.
Das pessoas infetadas, mais de 50 mil recuperaram.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.
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