Portugal entra na sexta-feira num novo confinamento generalizado, devido ao agravamento da situação epidemiológica, mas, ao contrário do primeiro, que decorreu em março e em abril de 2020, as escolas não encerram, mantendo-se as aulas presenciais, com o Governo a admitir que o ensino à distância prejudica a aprendizagem dos alunos, em particular dos mais carenciados.
Para Marçal Grilo, que foi o orador convidado de uma videoconferência promovida pela Federação Nacional da Educação, "a medida de deixar as escolas abertas é arriscada", atendendo ao estado da pandemia, que considerou "um pouco descontrolada", pelo que deverá ser feito "um acompanhamento, uma avaliação" da medida e "correção se for caso disso".
Secundando os sindicatos, o antigo ministro da Educação advogou que os professores deviam ser priorizados na vacinação contra a covid-19, uma vez que, em seu entender, são profissionais de "serviços essenciais".
Pandemia "veio destapar" desigualdades que escolas podem ajudar a combater
Para o ex-ministro da Educação Eduardo Marçal Grilo, a pandemia da covid-19 "veio destapar a pobreza e as desigualdades", acentuando que as escolas podem ajudar a combater as desigualdades "educando as pessoas".
Eduardo Marçal Grilo enalteceu, no entanto, que a pandemia da covid-19 "mostrou que as escolas, os professores, os diretores (...) tiveram a capacidade de executar, pôr no terreno algumas soluções alternativas ao ensino presencial que surpreenderam muita gente".
"A mim não me surpreenderam", admitiu.
Em março e em abril de 2020, durante o primeiro confinamento generalizado em Portugal devido à pandemia da covid-19, as escolas estiveram encerradas, fazendo-se o ensino à distância através de plataformas digitais e com o apoio da telescola. As escolas apenas reabriram em maio para os alunos dos 11.º e 12.ºanos que tinham de fazer exames nacionais de acesso à universidade.
Em setembro, no início do novo ano escolar, todas as escolas reabriram ao ensino presencial e assim se manterão, não obstante o país entrar na sexta-feira num novo confinamento generalizado devido ao agravamento da situação epidemiológica. O Governo considera que o ensino à distância prejudica a aprendizagem dos alunos, em especial dos mais carenciados.
O antigo ministro da Educação defende que as tecnologias digitais "sejam usadas para enriquecer o ensino presencial", cabendo à escola, no quadro da sua autonomia pedagógica, fazer "uma avaliação muito rigorosa do que correu bem e mal nos meses do primeiro confinamento geral".
Eduardo Marçal Grilo participou hoje na primeira videoconferência do ciclo "Que caminhos para a escola na pós-pandemia?", que a Federação Nacional da Educação promove até abril.
[Notícia atualizada às 20:29]
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