O diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve, Pedro Monteiro, disse à Lusa que o desafio foi lançado há uma semana à associação In Loco, que já dispunha de uma plataforma para registo de pequenos produtores do Algarve central, no sentido de “alargar a iniciativa” a toda a região.
“Com esta pandemia, houve uma série de restrições, tanto voluntárias como impostas, que vieram alterar por completo o circuito de comercialização através do qual os pequenos produtores escoavam os seus produtos”, explicou.
Nesse sentido, a DRAP pediu apoio também a outras associações semelhantes - Vicentina (no barlavento) e Terras do Baixo Guadiana (no sotavento) -, contactando as Câmaras e Juntas de Freguesia do distrito de Faro que costumam gerir mercados onde estes produtores habitualmente vendem, mas que estão fechados, para incentivar o seu registo na plataforma 'Prato Certo'.
Segundo aquele responsável, o encerramento desses mercados locais e da hotelaria, restauração e cafés está a “criar dificuldades acrescidas” e “grande estrangulamento” para escoar produtos e, com esta plataforma, “incentiva-se os circuitos curtos” e “coloca-se em contacto produtores com consumidores”.
A iniciativa permite “um abastecimento mais sustentável”, porque as “distâncias e os transportes são menores”, e dá uma porta de saída aos pequenos produtores “não só do agroalimentar, dos hortofrutícolas frescos, dos transformados, do mel”, mas “também ao nível da pequena pesca e da pesca polivalente, que também está com grandes dificuldades”.
“Uma vez que a In Loco tinha desenvolvido, ao abrigo de um projeto, um site que é o 'Prato Certo' e eles tinham lá dentro uma ferramenta muito interessante, que era o clube de produtores do Algarve central, a direção regional achou extremamente interessante desafiar a In Loco a alargar este projeto a todo o Algarve”, justificou.
Pedro Monteiro sublinhou que as Câmaras e Juntas, além de incentivarem a adesão de produtores locais, que são “fundamentais para a ocupação dos territórios”, também podem utilizar esta ferramenta para “fazer as suas compras” e abastecer os sistemas de distribuição de alimentos para pessoas desfavorecidas ou grupos de risco que devem manter o isolamento social.
Assim, é possível “encurtar distâncias, dar a conhecer e fazer um levantamento de todos os pequenos produtores, divulgando o que produzem, georreferenciando pontos de entrega e sinalizando os que fazem entregas”, acrescentou.
O diretor regional de Agricultura frisou que o “movimento tem vindo a crescer” e “conta já com 112 produtores”, número que “diariamente sobe em três ou quatro”, o “que há umas semanas seria impensável”.
Pedro Monteiro destacou ainda que, como a plataforma da In loco está preparada para cobrir Portugal continental, “além dos produtores do Algarve também já há muitas inscrições e interesse de outros produtores do país”.
O ministério da Agricultura “tem acarinhado a iniciativa”, pretendendo “incentivar que este trabalho em rede se estenda a todo o país”, concluiu.
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