Segundo relatos feitos à Lusa, não foi divulgado o número de votos, tendo o calendário sido “aprovado por larga maioria”.
Depois de rejeitar uma proposta entregue no início do Conselho Nacional pela direção de Rui Rio para suspender o calendário interno até à votação do Orçamento do Estado, os conselheiros aprovaram a proposta de cronograma inicial, enviada na quarta-feira.
Em declarações aos jornalistas depois da rejeição da proposta, o secretário-geral do PSD, José Silvano, considerou que "o Conselho Nacional entendeu que não era relevante o que vai acontecer na votação do Orçamento do Estado”, mas reiterou que, no entendimento da direção, “há uma possibilidade real” de uma crise política.
Questionado sobre que significado poderá ter esta derrota na decisão do atual presidente, Rui Rio, se recandidatar, Silvano remeteu esses esclarecimentos para o próprio, mas sublinhou que “estatutariamente este presidente é líder até 12” de fevereiro do próximo ano.
“Se houver alguma crise política no Orçamento que leve à dissolução da Assembleia, o líder que está eleito até 12 de fevereiro é o atual líder político. É o líder em funções que terá de tomar iniciativas com vista a um processo eleitoral”, afirmou, dizendo que pode ser “uma confusão”.
A data-limite de pagamento de quotas foi alargada em relação ao cronograma inicial de 08 para 17 de novembro (para os pagamentos por vale postal, de 5 para 15 do mesmo mês) e o prazo para a apresentação de candidaturas termina a 22 de novembro, juntamente com as moções de estratégia global e orçamentos.
Paulo Rangel anunciou hoje, durante o Conselho Nacional, a sua candidatura à liderança do PSD, enquanto Rui Rio ainda não clarificou se se recandidata.
As últimas eleições diretas para eleger o presidente do PSD realizaram-se em janeiro de 2020, com uma inédita segunda volta entre Rui Rio e Luís Montenegro.
Nessa segunda volta, e com um novo regulamento de quotas que causou polémica, dos 40.628 militantes em condições de votar, fizeram-no 32.582, uma taxa de participação de cerca de 80%.
Rio avisa que o “povo não vota em quem grita mais”, mas em quem faz oposição fíável
Na sua intervenção inicial perante o Conselho Nacional do partido, que está reunido desde cerca das 21:00 em Lisboa e que foi disponibilizada mais tarde aos jornalistas, Rio apontou cinco razões pelas quais entende que “a porta ficou mais aberta” para as legislativas de 2023 depois do “impulso positivo das autárquicas”.
“Se não tivermos juízo, podemos destruir este momento”, avisou, contudo, ainda antes de o Conselho Nacional ‘chumbar’ a proposta da direção para que se suspendesse a marcação do calendário eleitoral interno para depois do Orçamento do Estado.
Entre essas razões, apontou o “recentramento” que esta direção trouxe ao PSD, e a “fiabilidade da estratégia da oposição”.
“O povo não vota em quem grita mais contra o Governo que está, o povo vota em quem é fiável, em quem sente que pode confiar, em quem se comporta de acordo com o que é lugar que disputa. Se o lugar é de primeiro-ministro, vota em alguém que tem comportamento coincidente com o que entende que deve ser o de primeiro-ministro”, afirmou.
Rio avançou ainda que nas eleições de 2023 o PSD terá “uma probabilidade muito maior” de vencer do que em 2019, dizendo que nessa altura os portugueses verificaram que “o PS entrou, mas a troika não voltou”.
Finalmente, o líder do PSD apontou o desgaste do Governo, reiterando que “as eleições perdem-se primeiro, depois ganham-se”.
“O PS já está em condições de as perder, temos agora de saber nós ganhar o que está ao nosso alcance poder ganhar”, afirmou.
No seu discurso inicial, Rio propôs ainda uma reflexão ao partido se as eleições diretas no PSD, que se realizam de dois em dois anos, não deveriam ser mais espaçadas.
Pela contabilidade do líder do PSD, nestes últimos quatro anos, entre eleições internas e externas, houve um sufrágio de cinco em cinco meses.
“Um ato eleitoral de cinco em cinco em cinco meses realmente é de mais”, afirmou.
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