“Uma das grandes preocupações que já tínhamos e que, aparentemente, tem um princípio à vista, é o nosso matadouro, que é uma obra estruturante extremamente necessária”, afirmou à agência Lusa Lena Amaral, na véspera do início de uma visita estatutária do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) à ilha de São Jorge.
O concurso para a obra foi lançado em agosto e a responsável espera que o mesmo não fique “deserto” e que “no início do próximo mês” esteja “alguém a concorrer, para que essa obra possa avançar”.
Lena Amaral admite tratar-se de “uma necessidade urgente para a ilha” de São Jorge.
No dia 17 de agosto foi publicado em Diário da República e no Jornal Oficial da União Europeia o anúncio para o concurso público internacional para construção do novo matadouro de São Jorge, pelo Instituto de Alimentação e Mercados Agrícolas, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.
Segundo o Governo Regional, o concurso tem o preço base de 10,9 milhões de euros e a data limite para entrega de propostas é 09 de outubro.
Para além da construção do novo matadouro, o Conselho de Ilha de São Jorge destaca preocupações em relação à fixação de jovens e à escassez de mão-de-obra.
“Somos uma ilha com pouca população. O despovoamento está à vista, não só pela emigração, mas também pelos estudantes que acabam por ir fazer os seus estudos para fora e que depois acabam por não regressar, por outras oportunidades que lhes surgem. E nós precisamos de pessoas”, disse a sua presidente.
Lena Amaral referiu que as empresas “têm interesse em ter pessoas de fora”, mas não conseguem recrutá-las “devido aos processos burocráticos da imigração”.
“Nós precisamos de gente. Todas as áreas profissionais têm carência, quer a construção [civil], quer o turismo, quer a restauração. Nós temos falta de pessoas”, vincou.
A presidente do Conselho de Ilha defende a criação de benefícios para que os jovens no início de carreira “sentissem interesse” em permanecer na ilha de São Jorge.
Na área da saúde, apesar de o Governo açoriano inaugurar na quarta-feira a empreitada de reabilitação e beneficiação do Centro de Saúde das Velas, existem outras situações por resolver.
“Nós também precisamos de especialistas na ilha, para evitar a deslocação de doentes para as outras ilhas. Às vezes é apenas para uma consulta”, observou Lena Amaral.
A entrada em funcionamento do ginásio da Escola Básica da Calheta, uma obra “feita de raiz e que nunca funcionou”, é outra das inquietações do Conselho de Ilha de São Jorge.
A sua presidente também está preocupada com o atraso na beneficiação do caminho de ligação ao farol, que é "fundamental" para a agricultura e para o turismo.
Na terça-feira, o Governo dos Açores inicia uma visita estatutária de três dias a São Jorge que inclui uma reunião com o Conselho de Ilha.
O Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores determina que o Governo Regional deve visitar cada ilha do arquipélago, pelo menos, uma vez por ano e reunir o Conselho de Governo na ilha visitada.
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