Este ano a 23.ª Conferência das Partes (COP23) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, apesar de realizar-se em Bona, na Alemanha, a partir de segunda-feira, tem pela primeira vez na presidência o arquipélago das ilhas Fiji, no Pacífico, ameaçadas pela subida do nível do oceano provocada pelo aquecimento global.
É também a primeira vez que os representantes de quase 200 países se encontram depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado em junho que iria retirar-se do Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) por considerar ser prejudicial para o país.
O Acordo de Paris, alcançado na COP21 em dezembro de 2015, entrou em vigor em 04 novembro de 2016, depois de ratificado por países representando pelo menos 55% das emissões globais de GEE, com o objetivo de juntar os esforços de todos os países para reduzir as emissões e conseguir limitar a subida da temperatura do planeta aos 2.ºC ou, preferencialmente, 1,5.ºC acima dos valores médios da era pré-industrial.
Os cientistas consideram que, a partir daquele nível, os fenómenos climáticos extremos tornam-se mais frequentes e intensos, como as ondas de calor ou de frio, as secas ou grandes inundações.
Ao longo do ano sucederam-se vários casos em todo o mundo que foram relacionados com as alterações climáticas, como furacões, cheias ou secas, como acontece em Portugal.
Os últimos relatórios divulgados por entidades internacionais revelam que a situação piorou - o diretor do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA), Erik Solheim, afirmou ser "catastrófica" a distância entre as promessas nacionais de limitação das emissões de gases com efeito de estufa e as reduções necessárias para manter o aquecimento abaixo de dois graus.
"Os compromissos atuais dos Estados cobrem apenas um terço das reduções de emissões necessárias, cavando um fosso perigoso", salientou.
A Organização Mundial de Meteorologia revelou que as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera atingiram um nível recorde em 2016, alertando para uma possível "subida perigosa da temperatura".
Um comunicado da Oikos - Cooperação e Desenvolvimento e da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero refere que "esta primeira COP do Pacífico deve encorajar todas as partes a fortalecer as parcerias entre os diferentes intervenientes e países com diferentes níveis de vulnerabilidade e desenvolvimento económico", refere o comunicado.
Ambientalistas e cientistas defendem que o compromisso de Paris deve agora ser concretizado e os países devem cumprir as metas a que se propuseram para reduzir as emissões e apoiar a adaptação.
A COP23 também deve preparar um roteiro para facilitar o diálogo e permitir avaliar o progresso coletivo face aos objetivos do Acordo de Paris.
A conferência da ONU para o clima deverá reunir 20 mil participantes, incluindo uma delegação de associações e técnicos portugueses, além do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e do secretário de Estado adjunto do Ambiente, José Mendes.
Os responsáveis políticos são esperados na segunda semana da conferência, nomeadamente a chanceler alemã Angela Merkel, o Presidente francês Emmanuel Macron e o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Ainda antes da abertura da COP23, está prevista para hoje uma manifestação da sociedade civil "a favor do clima e contra o carvão", para a qual a polícia alemã espera cerca de 10 mil participantes.
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