No dia 2 de maio, depois de um dia de reuniões, Shinzo Abe e a sua esposa, Akie Abe, foram recebidos por Benjamin Netanyahu e a sua esposa, Sara, na residência oficial do primeiro-ministro. Ao comando do festim esteve o chef israelita Segev Moshe.
Sempre criativo, Moshe serviu uma sobremesa inusitada: uma seleção de chocolates servidos dentro de um reluzente sapato. Apesar dos sorrisos na fotografia com os convivas e o chef, o facto é que a ideia foi mal recebida, já que servir comida num sapato a um japonês tem uma conotação ofensiva.
Yediot Aharonot, um popular jornal diário em Israel, escreveu esta segunda-feira que "diplomatas japoneses, funcionários do Ministério de Relações Internacionais de Israel e oficiais israelitas que já serviram no Japão ficaram chocados com a ideia".
"Trata-se de uma decisão insensível. Não há nada mais baixo do que um sapato na cultura japonesa. Não só eles não usam sapatos em casa, como também não encontrará sapatos nos seus escritórios. É um desrespeito de primeira ordem", pode ler-se no artigo que citava um oficial israelita e que optou por não identificar.
Na mesma linha, um diplomata japonês explicou que "não há nenhuma cultura no mundo que coloque sapatos na mesa. O que é que estava este chef de renome a pensar? Se isto é humor, nós não achamos engraçado; ficámos ofendidos em nome do nosso primeiro-ministro".
Em comunicado, o agente de Segev Moshe explicou que se trata de uma obra de arte e não de um sapato efetivamente. "A sobremesa foi servida dentro de uma escultura do artista internacional Tom Dixon, cujo trabalho é exposto nos maiores museus do mundo, e pela primeira vez foi exposto em Israel numa refeição. Trata-se de uma peça de arte da mais alta qualidade, feita em metal fundido, e com a forma de um sapato; não é um sapato verdadeiro".
Na sequência desta polémica, Netanyahu publicou na sexta-feira um vídeo onde criticava a falta de cobertura noticiosa a esta visita oficial de Shinzo Abe, que se fez acompanhar de uma delegação de empresários. Em resposta, a imprensa salientou que foram feitos mais de cinquenta artigos sobre vários aspetos da visita.
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