À saída do tribunal de pequena instancia criminal, no Campus de Justiça, em Lisboa, Alice Gato explicou que ela e as restantes detidas, Teresa Núncio, Leonor Chico, Raquel Alcobia e Francisca Duarte, aceitaram a suspensão provisória do processo e comprometeram-se a prestar trabalho comunitário.
A jovem observou no entanto que estas ativistas já prestam trabalho a favor da comunidade ao defenderem a causa climática.
Questionada por que motivo aceitaram a suspensão do processo, ao contrário dos ativistas detidos na semana passada na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a porta-voz defendeu que, depois de terem anunciado a suspensão das ocupações de escolas que estavam em curso desde dia 07, os estudantes querem agora concentrar energias nas ações que estão a ser planeadas para a primavera.
Acrescentou que essa prioridade se sobrepõe a levar este processo a julgamento, tanto mais que já está marcado para dia 29 deste mês o julgamento dos quatro estudantes e ativistas pelo clima detidos na sexta-feira na Faculdade de Letras.
"Temos ações mais fortes agora a preparar para a primavera. Temos de dedicar a nossa energia a isso e não a este processo", justificou Alice Gato, observando que há que "agir com flexibilidade dentro do movimento" em defesa do clima.
A porta-voz enfatizou que não deviam ser as ativistas do clima a serem ouvidas pela Justiça, mas, antes, outros responsáveis, dizendo: "Não somos nós que estamos a contribuir para mais emissões de gases de efeito estufa em Portugal, não somos nós que estamos a tentar construir o novo gasoduto, não somos nós que queremos mais furos de gás na costa algarvia, não somos nós que nos recusamos a taxar os lucros extraordinários das empresas (petrolíferas), não somos nós que não estamos a alocar financiamento público para a criação de 200 mil empregos para o clima".
Em sua opinião, os ativistas climáticos "fizeram tudo o que tinham que fazer".
Relativamente ao encontro dos ativistas com o ministro da Economia, Alice Gato revelou que nessa reunião António Costa Silva admitiu que nunca tinha lido a proposta climática apresentada há quatro anos pelo movimento, considerando tal facto um "desrespeito" para com os ativistas presentes, razão qual "não podem exigir nada menos do que a sua demissão de funções".
"É preciso os ativistas colarem-se ao chão e ocuparem as escolas para serem ouvidos", acentuou Alice Gato.
As cinco jovens detidas faziam parte de um grupo de seis que foi recebido na terça-feira pelo ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, e que no fim do encontro se colaram na entrada do edifício.
Jovens ativistas pelo clima ocuparam na ultima semana várias escolas de Lisboa, exigindo o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e a demissão do ministro da Economia, que acusam de defender os combustíveis fósseis.
Na noite de segunda-feira, os ativistas anunciaram o fim das ocupações das escolas, que se saldou também por detenções na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a única que pediu a intervenção policial para obrigar os estudantes a deixar o local.
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