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Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia
Além de se dirigir aos Estados Unidos, a presidente da Comissão Europeia refere que "está na altura de rearmar a Europa", e torná-la estrategicamente importante no mundo. E, para isso, defende que é preciso "intensificar e aumentar a defesa".
Von der Leyen lembra também que para criar uma força europeia afirmativa no cenário internacional, é preciso ter capacidade de produção: "Os estados-membro precisam de mais espaço fiscal para aumentar a defesa".
À saída da cimeira internacional sobre a segurança europeia organizada pelo Reino Unido na capital europeia, a presidente da Comissão Europeia disse pretender apresentar "um plano abrangente sobre como rearmar a Europa no dia 6 de março", durante o Conselho Europeu especial em Bruxelas.
Questionada sobre que tipo de contribuição financeira os 27 Estados membros devem dar para o setor da defesa, Von der Leyen respondeu: "uma coisa é certa: temos de ter um reforço".
"Temos de fazer um grande esforço. E, para isso, precisamos de um grande plano claro da União Europeia para os Estados-Membros", defendeu, referindo a necessidade de investir em escudos aéreos avançados.
"Precisamos de uma abordagem europeia comum, mas os Estados-Membros precisam de mais espaço fiscal para aumentar as despesas com a defesa", reconheceu.
Sobre o apoio à Ucrânia, Ursula von der Leyen disse que "as garantias de segurança são da maior importância para a Ucrânia, mas é preciso garantias de segurança abrangentes".
"Isto inclui a necessidade de colocar a Ucrânia numa posição de força que lhe permita fortificar-se e proteger-se, desde a sobrevivência económica até à resistência militar. Basicamente, precisamos de transformar a Ucrânia num porco-espinho de aço indigesto para potenciais invasores", descreveu.
Von der Leyen explicou que isso implica não só dar assistência a nível militar, mas também, por exemplo, ajudar na rede energética, possibilitando que "com o tempo, este seja um país forte e resistente".
Keir Starmer, primeiro-minstro Britânico
Em conferência de imprensa, Keir Starmer concluiu a Cimeira de Londres, que descreveu como um momento em que se reuniram os líderes interessados em "alcançar a paz" e "dar à Ucrânia uma posição de força" que acabe com a Guerra. Dirigindo-se à Europa, defendeu que os aliados devem continuar o apoio militar à Ucrânia e manter as sanções contra a Rússia enquanto trabalham numa "coligação" de países dispostos a integrar uma força de manutenção de paz.
O reforço com investimento cedido á Ucrânia é pago pelas sanções feitas à Rússia, "e não pelos cidadãos britânicos", afirmou, reiterando que a comunidade internacional se encontra "numa encruzilhada da história" que só estes líderes podem resolver. "Este não é um momento para mais conversa. É tempo de agir, de assumir a liderança e de nos unirmos em torno de um novo plano para uma paz justa e duradoura", vincou.
Starmer confirmou que o Reino Unido, França, Ucrânia, juntamente com outros países que não especificou, estão a desenvolver um plano para um cessar-fogo que depois será apresentado aos Estados Unidos. Como apoio à defesa ucraniana, "vão ser disponibilizados mísseis produzidos em Belfast". O objetivo é "fortalecer a Ucrânia", refere o primeiro ministro, que defende que "qualquer apoio deve ter o reforço da força".
"Todos temos de tomar a responsabilidade de ajudar a Ucrânia", continua, e da parte do Reino Unido garante continuar a "impor sanções à Rússia e a prestar apoio militar à Ucrânia". Este apoio surge no seguimento do trabalho dos líderes europeus na concretização de um acordo de paz, de uma guerra "pela qual somos todos afetados".
Apesar de sublinhar que "nem todas as nações vão estar disponíveis para contribuir", garante que o Reino Unido "está preparado para apoiar tanto com soldados no terreno, como com aviões no ar". Este é um esforço que mobiliza vários países com o objetivo final de "a assegurar a soberania da Ucrânia" e "preservar a segurança da Europa".
Para alcançar a paz, admite que é preciso "o apoio dos Estados Unidos" e, por isso, encontrou-se com Donald Trump para reforçar as relações com a América: "Estamos a trabalhar com Trump, com quem concordamos na urgência de uma paz duradoura".
Keir Starmar não comenta a reunião de Zelensky e Trump esta sexta, e evita atribuir culpas pelo momento de discussão entre os dois chefes de Estado. Diz, apenas, que o apoio americano é indispensável e "a relação entre os EUA e a Europa deve ser forte".
"O objetivo da reunião de hoje era unir os nossos parceiros em torno deste esforço para fortalecer a Ucrânia e apoiar uma paz justa e duradoura para o bem de todos nós. O nosso ponto de partida deve ser colocar a Ucrânia na posição mais forte possível, para que possa negociar a partir de uma posição de força, e estamos a reforçar o nosso apoio", salientou.
Para terminar, o primeiro ministro britânico refere que os líderes europeus empenhados na resolução da guerra vão continuar a trabalhar e vão voltar a reunir "daqui a pouco tempo".
Em relação à presença do Canadá na reunião, comenta que são "parceiros confiáveis, com os mesmos objetivos" do Reino Unido. Sobre as relações com Itália refere que também se estão a aproximar, nomeadamente pela perspetiva sobre o apoio americano na defesa europeia.
Mark Rutte, secretário-geral da NATO
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, mostrou-se hoje satisfeito por ver mais países determinados em aumentar a despesa com a defesa e em participar numa força de manutenção da paz na Ucrânia.
Em declarações aos jornalistas à saída de uma cimeira em Londres sobre defesa e o apoio à Ucrânia, Rutte congratulou-se por ver os "países europeus a intensificar os seus esforços para garantir que a Ucrânia tem o que precisa para continuar a lutar enquanto tiver de continuar".
Referindo-se ao exemplo do Reino Unido, que anunciou na semana passada o aumento da despesa com a defesa para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), Rutte indicou que vários países deverão fazer anúncios semelhantes em breve.
"O que vemos é que os países europeus estão a intensificar a sua ajuda com garantias de segurança para o momento em que for alcançado um acordo de paz. Obviamente, ainda não há acordo. Ainda não há um cessar-fogo, mas temos de nos preparar para esse momento e certificar-nos de que os países europeus estão dispostos a ajudar com as garantias de segurança", vincou.
Rutte confirmou aos jornalistas que vários países presentes manifestaram disponibilidade para contribuir para um plano de paz e uma força de manutenção de paz, mas recusou dizer quais.
"É claro que a iniciativa foi tomada pelo Reino Unido e pela França, mas há outros que querem ajudar. Penso que isso é importante", salientou o secretário-geral da NATO.
Organizada pelo Reino Unido, a cimeira sobre a segurança europeia reuniu líderes da Ucrânia, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Noruega, Canadá, Finlândia, Suécia, Dinamarca, República Checa, Polónia, Roménia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, também participou, bem como o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa. Mark Rutte, secretário-geral da NATO, também já reagiu e concordou com o investimento na segurança, convocada pela presidente da Comissão Europeia.
*Com Lusa
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