“Não podemos continuar a assistir a uma situação que se arrasta, que se agrava, quando temos cidadãos que estão a ser prejudicados do ponto de vista do acesso a um conjunto de cuidados de saúde e aquilo que nós dizemos é que o problema não se resolve com o impedimento da greve, nem com a alteração à lei da greve”, afirmou Arménio Carlos.
O secretário-geral da intersindical falava aos jornalistas após uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa, que esta tarde recebeu os parceiros sociais.
Questionado sobre a greve dos enfermeiros, que já levou o Governo a ponderar avançar com a requisição civil, Arménio Carlos começou por referir que “o direito à greve é um elemento estruturante” para a CGTP e “faz parte integrante dos direitos, liberdades e garantias constitucionais”.
“Quando se verificam conflitos que obrigam os sindicatos a irem para a greve é porque a outra parte não está a resolver o problema”, defendeu o líder da intersindical.
Para Arménio Carlos, “mais do que estar agora a discutir se há muitas greves ou poucas greves, o que se deve estar a discutir é por que razão é que existem neste momento tantas greves”.
“Não se tem de rever a lei da greve, o que se tem é de rever a forma de o Governo se relacionar com os sindicatos para resolver os problemas”, afirmou o dirigente sindical.
Sobre a greve dos enfermeiros, Arménio Carlos considerou que o Governo tem “uma dupla responsabilidade”, pois enquanto entidade patronal “tem obrigação de encontrar uma solução negociada com os sindicatos” e, por outro lado, “tem uma responsabilidade, através do Governo, de prestar serviços públicos de saúde de qualidade”.
“O problema resolve-se a partir do momento em que o Governo se disponibilize a conversar com os sindicatos e a programar no tempo reposta às reivindicações dos sindicatos”, afirmou o líder da CGTP.
Sobre a forma de financiamento da greve dos enfermeiros, Arménio Carlos disse que a CGTP “tem uma posição muito clara”, pois “não há forma mais transparente de fazer greve quando os trabalhadores que nela participam “já sabem que no final do mês não vão receber as horas” respetivas.
“Isso é claro para todos, não deixa dúvidas a ninguém e demonstra que só vamos para a greve em última instância, porque os rendimentos dos trabalhadores são relativamente baixos e, portanto, um dia de greve faz muita falta”, frisou o líder da intersindical.
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