Catarina Martins, que falava aos jornalistas à margem de uma iniciativa do partido em Lisboa, anunciou que o BE vai apresentar, no parlamento, um projeto de resolução, pedindo ao Governo que "avalie e que retire as suas consequências”, incluindo exonerar Carlos Costa.
"O Bloco de Esquerda vai apresentar um projeto no parlamento para que o Governo avalie a intervenção de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, quando era administrador executivo da Caixa [Geral de Depósitos] nas decisões sobre aqueles que são os créditos ruinosos da Caixa", detalhou.
Segundo a líder do BE, "sabe-se, pela auditoria da Caixa, que o governador do Banco de Portugal quando era administrador executivo da Caixa esteve em reuniões que aprovaram créditos em que não se cumpriram os critérios do comité de risco".
"E, diz o Banco de Portugal, que não vai avaliar o governador porque não pode. Ora, se o Banco de Portugal não faz o seu trabalho, achamos que o Governo deve fazer o seu trabalho", insistiu.
A auditoria ao banco público, de acordo com Catarina Martins, mostrou que "há administradores executivos que tiveram decisões de dar créditos sem cumprir os critérios do comité de risco, não tiveram a prudência que era necessária".
"Esses administradores, que estiveram nessas reuniões, foram avaliados e estão a ser avaliados pelo Banco de Portugal para saber se podem ou não ter idoneidade para continuar em funções. Alguns, aliás, já foram afastados", destacou.
Catarina Martins lembrou, ainda, que "o BE já propôs no parlamento que o governador do Banco de Portugal fosse exonerado por incompetência porque pura e simplesmente não viu nada do que devia ver em bancos que tiveram problemas quando já era governador", sendo o BES um desses casos.
"Agora acrescenta-se um dado que é preocupante e que é novo", justificou.
Fonte oficial do partido adiantou que o projeto de resolução vai dar entrada no parlamento na segunda-feira.
O governador do Banco de Portugal disse hoje que pediu para não participar nas decisões do banco central sobre a auditoria à Caixa Geral de Depósitos por ter sido administrador no período analisado, o que foi aceite pelo Conselho de Administração.
Num esclarecimento emitido a propósito de notícias divulgadas pela revista Sábado e pelo Jornal Económico, o governador diz que, entre abril de 2004 e setembro de 2006, foi administrador da Caixa Geral de Depósitos responsável pelas áreas de 'marketing' e internacional da instituição e que "não teve responsabilidades nas áreas de crédito, risco, acompanhamento de clientes ou de controlo e auditoria interna".
Contudo, refere, uma vez que o seu mandato na Caixa Geral de Depósitos é também objeto de análise da auditoria da EY (que avalia a gestão entre 2000 e 2015) "comunicou ao Conselho de Administração do Banco de Portugal a sua intenção de não participar nas decisões decorrentes das conclusões desta auditoria", o que foi aceite.
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