A ONG espanhola, que recolhe dados de fontes oficiais e junto de comunidades de migrantes e outras organizações sociais no terreno, contabilizou 951 vítimas entre janeiro e junho, numa média de cinco mortos por dia em naufrágios documentados e em 19 embarcações perdidas em alto mar com todas as pessoas que iam a bordo dadas como desaparecidas.
Entre os mortos havia 112 mulheres e 49 crianças e as vítimas eram oriundas de 14 países africanos e do Médio Oriente, segundo os dados recolhidos pela Caminhando Fronteiras.
A maioria das vítimas foram identificadas na designada “rota das Canárias”, no Atlântico, entre a costa ocidental marroquina e o arquipélago espanhol das Canárias, onde morreram 778 pessoas no primeiro semestre do ano em “28 tragédias” com embarcações.
Os outros naufrágios e mortos ocorreram no Mediterrâneo, entre as costas da Argélia e Marrocos e as de Espanha.
“Entre as causas que provocaram tragédias e vítimas neste período, voltamos a assinalar a omissão do dever de socorro, a demora na ativação de meios de busca e resgate, a insuficiência de meios quando estes são ativados, as más práticas durante os resgates e a falta de coordenação entre os Estados espanhol e marroquino, cujas relações se regem por interesses geopolíticos vinculados ao controlo migratório e não pela defesa do direito à vida”, escreveu a ONG Caminhando Fronteiras num comunicado.
A organização sublinhou que documentou diversos casos de violação de Direitos Humanos das vítimas mortais e das suas famílias, assim como dos sobreviventes dos naufrágios, sujeitos a “detenções, deslocações forçadas e ataques físicos”.
Quanto às vítimas desaparecidas, “sofreram a negação do direito de ser procuradas” e nos casos em que foram recuperados os corpos, foram enterrados em valas comuns, sem respeito pelos protocolos de identificação “com garantias”, acrescentou a ONG.
Segundo a Caminhando Fronteiras, no ano passado morreram 2.390 pessoas quando tentavam chegar a Espanha por mar ou através das cidades de Ceuta e Melilla, dois enclaves espanhóis no norte de África.
Espanha, a par de Itália, Grécia ou Malta, é conhecida como um dos países da “linha da frente” ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.
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