Na província de Idlib e arredores, três milhões de pessoas sobrevivem na extrema pobreza, com acesso limitado a condições sanitárias ou a água potável, numa área onde dezenas de hospitais estão fora de serviço por conta dos bombardeamentos e combates.
A Síria relatou apenas um caso do novo coronavírus nos territórios sob o controle do governo, e nenhum foi registado na região de Idlib — a última grande fortaleza jihadista e rebelde, que recentemente foi alvo de um ataque do regime.
Mas face aos perigos, especialmente em campos superlotados, as organizações humanitárias e os organismos internacionais acionaram um dispositivo para evitar a propagação do coronavírus.
Perto de Kafr Lusin, no campo de Yasín, algumas dezenas de pessoas reúnem-se em torno de um médico da ONG turca IHH, para ouvir as suas instruções ou ler com atenção os folhetos que receberam. "Em vez de nos darem lições, instalem uma clínica médica para estas pessoas", disse à AFP Yasín, de 57 anos, sem esconder a sua frustração.
Já na cidade de Idlib, um laboratório recebeu, nesta terça-feira, 300 kits de diagnóstico para COVID-19, enviados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), através de uma ONG. Embora comemore, o diretor do laboratório, Mohamad Shahm Mekki, teme que sejam insuficiente. "É pouco, comparado com a densidade da população" em Idlib, afirma à AFP.
"Água cortada"
Embora se tenham estabelecido tréguas no início de março, com o último ataque do regime, cerca de um milhão de pessoas ficaram desalojadas desde dezembro, o que acabou por agravar as condições de vida já precárias em Idlib.
Numa Síria onde o conflito já matou mais de 380.000 pessoas e destruiu infraestruturas, menos de dois terços dos hospitais estavam funcionando no final de 2019, segundo a OMS. Khaled vive os filhos, a nora e os netos noutro campo de Idlib, próximo a Harem. "Não há serviços médicos nem medicamentos", lamenta a mulher de 40 anos. São sete numa barraca e, na medida do possível, Khaled tenta manter o espaço limpo. Lava os pequenos, esfregando as suas mãos com água e sabão, mas não é algo que consiga fazer diariamente.
"Às vezes a água é cortada (...) e não temos o suficiente para limpar as crianças e a barraca diariamente. No geral, a cada dois ou três dias", lamenta a mulher.
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