Em entrevista à Antena 1, a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, garante que não houve encontro para fechar as negociações antes da entrega da proposta de Orçamento do Estado por parte do Governo. “Não houve qualquer acordo feito com o Bloco de Esquerda até ao momento”, afirmou.
Ao contrário de outros anos, o Bloco de Esquerda não falou com o Governo de António Costa nas últimas horas, disse a líder do partido. Segundo Catarina Martins, apesar de ter existido uma troca de documentos, e de o Bloco de Esquerda estar aberto a negociações, a última vez que falaram foi a meio da semana passada.
O Bloco de Esquerda identifica três problemas fundamentais num eventual acordo para o OE2021: a questão do Novo Banco, a iminente vaga de despedimentos e a situação atual do Serviço Nacional de Saúde.
Novo Banco
Sobre a intenção do Governo de continuar a ter uma autorização, votada em Assembleia da República, para injetar dinheiro do Fundo de Resolução no Novo Banco, Catarina Martins identifica dois obstáculos ao acordo: o empréstimo acabar por ser pago pelos contribuintes e o possível benefício de uma empresa que prejudica os interesses públicos.
O processo através de um empréstimo ao Fundo de Resolução, por parte de um consórcio formado por bancos, que investiria o dinheiro no Novo Banco também apresenta contrariedades, nomeadamente no facto de que “se é um empréstimo que passa pelo Fundo de Resolução, quem paga são os contribuintes”.
Para além disto, prossegue a líder: “A Lone Star, embora haja indícios fortes de que tem tido uma gestão que pode mesmo ser danosa para o próprio banco, vai ser premiada, continuando a receber dinheiro do Estado português”.
A líder do Bloco de Esquerda, que identifica o Lone Star como um fundo de investimentos “abutre”, mostram-se descrente das autorias realizadas que considera apenas "formais”. Por outras palavras, explica que estas auditorias garantem que os passos formais estão a ser cumpridos, mas não mais do que isso.
Vaga de despedimentos
O Bloco de Esquerda quer ver mais medidas para proteger os trabalhadores precários. O “lay-off” protege os trabalhadores com empregos mais estáveis, mas não pode chegar, afirma Catarina Martins. O “interesse público tem de ser o emprego”, sendo “inaceitável que se possa achar que os apoios à economia não têm de ter contrapartidas fortes no ponto de vista de manutenção do emprego”.
Serviço Nacional de Saúde
Para o Bloco de Esquerda, a terceira área-chave para se conseguir um acordo é a Saúde. Esta temática é identificada como essencial e não só em período de Covid-19.
“O SNS não vive de anúncios de medidas, vive de meios concretos, de profissionais concretos que lá estejam a trabalhar todos os dias”.
Catarina Martins afirma que a prioridade tem de ser “contratar já as pessoas para o Serviço Nacional de Saúde poder fazer o seu trabalho.
É inaceitável o “desespero” das pessoas que querem marcar consultas e a “exaustão dos profissionais de saúde”, afirma.
Aprovado ou chumbado? Voto final no OE2021
“Com aquilo que se conhece de momento, eu não creio que o Bloco de Esquerda tenha possibilidades de viabilizar o Orçamento do Estado”, concluiu Catarina Martins na entrevista à Antena 1.
Ainda assim, afirma que o “Bloco de Esquerda não fecha nenhuma porta e as suas propostas continuam em cima da mesa”.
“Temos de acreditar naquilo que estamos a votar”, diz, negando a possibilidade de o seu partido votar “de cruz”, por causa de “chantagem política”.
Comentários