Em entrevista ao jornal 'online' “Observador”, Catarina Martins defendeu que se a proposta do Governo para a Lei de Bases da Saúde “tivesse as declarações da ministra da Saúde, era perfeita”, criticando a ambiguidade do texto quanto às “relações com os privados”.
Sobre a classificação do BE como partido de extrema-esquerda, a coordenadora bloquista não poupou nas palavras: “isso é um insulto, normalmente atirado ao BE, que não tem nenhuma razão de ser”.
“Até me agradam definições como esquerda radical, que fazem essa diferença. Esquerda radical tem a ver com a raiz da esquerda, a raiz das lutas e, portanto, tem todo o sentido”, admitiu, explicando que o termo “extrema-esquerda está associado a totalitarismos, a perseguição e a ódio”, o que garante que não se encontram no BE.
Questionada se em relação à legislação laboral tinha expectativas mais pessimistas do que na Lei de Bases da Saúde, a coordenadora do BE foi perentória: “sou mais pessimista em relação à legislação laboral, aí estou bastante preocupada”.
“o Partido Socialista é o Partido Socialista (...) É um partido suficientemente grande para ter diferenças de opinião internas, mas eu chamo a atenção que o PS mantém, na essência, as ideias que levou a votos em 2015. Isso vê-se na legislação laboral, vê-se por exemplo na decisão do Governo Regional dos Açores de privatizar a SATA, onde o PS tem maioria absoluta. Ou seja, onde não está limitado por um acordo à esquerda, a primeira coisa que decide é que a solução para um problema é a privatização”, criticou.
De acordo com a líder bloquista, “não é novidade para o BE que o PS tem, do ponto de vista da legislação laboral, uma visão liberal”.
A questão das carreiras dos professores também ocupou parte da entrevista, criticando Catarina Martins que alguém tenha achado “por bem ter um discurso populista sobre professores”, o que “é absolutamente irresponsável”.
“Os professores em Portugal têm tido uma vida infernal. E o que o PS está a fazer, até porque já gastou muito mais dinheiro noutras despesas que não descongelamento de carreiras, é fazer um braço de ferro com os professores por razões laterais aos professores”, atirou, considerando que “ao travar os professores”, o Governo “não está só a travar os professores”.
Instada a fazer a avaliação de um ponto positivo e de um negativo do primeiro-ministro, António Costa, Catarina Martins começou por elogiar o facto do chefe de Governo ter compreendido “a necessidade de negociar e ter tido a capacidade para o fazer”.
“Tem uma esperança de que os problemas se resolvam mais depressa quando eles precisavam de um pouco mais de olhar”, apontou, como aspeto negativo.
Já sobre o ministro das Finanças, a líder do BE garantiu que “do ponto de vista negocial”, não tem “nenhuma razão de queixa de Mário Centeno”.
Questionada se concorda que foi o melhor ministro das Finanças europeu, Catarina Martins admitiu que “para os critérios europeus, provavelmente é verdade”.
“Pergunto-me é se a União Europeia está em tão boa forma que possamos achar os critérios europeus os ideais para o nosso país”, advertiu.
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