O Supremo Tribunal de Espanha condenou, na segunda-feira, 12 líderes independentistas que tentaram declarar a independência da região em 2017 a penas de prisão de até 13 anos.
Estas condenações são consideradas “inaceitáveis” pela Assembleia Nacional Catalã (ANC), tendo o seu representante Paulo Pereira afirmado à Lusa que se trata de um atentado à liberdade.
“É inadmissível que, num Estado que se diz democrático, se coloquem políticos eleitos democraticamente e em maioria parlamentar na prisão durante - alguns deles - 13 anos”, disse.
Por isso e porque a organização achou que os portugueses, “enquanto povo” e “defensores da democracia”, têm de responder, decidiu convocar a manifestação.
“Temos de marcar uma posição, não podemos colaborar com estas formas violentas de agredir um povo e agredir o que devia ser a expressão democrática”, referiu Paulo Pereira, lembrando que o presidente da Assembleia Nacional Catalã, Jordi Sánchez, foi condenado na segunda-feira a nove anos de prisão “por defender o que devia ser a expressão democrática, fazer uma manifestação pacifica e organizar um referendo”.
A ANC, criada em 2012 é, segundo o seu representante, a maior organização civil da Catalunha, com mais de 100 mil associados.
“Os presos políticos são uma forma de repressão e, obviamente, não devia estar a acontecer. Acima de tudo [temos de] prezar o que são os direitos democráticos e, mais do que isso, o que são os direitos humanos”, concluiu Paulo Pereira.
No protesto, que despertou a curiosidade de vários turistas, estavam espalhados cartazes com a palavra “liberdade” em catalão, português e inglês, e quase toda a gente gritava pela libertação imediata dos presos políticos.
Além de bandeiras da Catalunha, alguns manifestantes mostravam também bandeiras do Bloco de Esquerda em apoio à causa, posição que a deputada Isabel Pires fez questão de sublinhar.
“Está a ser feito um ataque brutal a direitos humanos e direitos políticos”, disse a parlamentar à Lusa, acrescentando que se está a “criminalizar a participação e organização de manifestações e, na verdade, tudo o que é dissidência política ou diferença de opinião”.
Lembrando que o partido já tinha declarado a sua posição na segunda-feira, Isabel Pires defendeu que os problemas políticos não podem ser resolvidos pela via judicial.
“É isso que hoje, aqui e em vários países por toda a Europa, está hoje a acontecer. Esta concentração [pretende] apelar a que exista uma resolução política para um problema que é político e acabar com a perseguição e com a judicialização daquilo que é um problema político”, declarou.
Na segunda-feira, o Tribunal Supremo espanhol condenou os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha a penas que vão até um máximo de 13 anos de prisão, no caso do ex-vice-presidente do governo catalão.
O ex-vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, foi condenado, por unanimidade, a 13 anos de cadeia por delito de sedição e má gestão de fundos públicos, os ex-conselheiros da Jordi Turull (ex-conselheiro da presidência), Raul Romeva (ex-conselheiro do Trabalho) e Dolors Bassa (ex-conselheira para as Relações Exteriores) foram condenados a 12 anos por delitos de sedição e má gestão, o antigo titular do cargo de conselheiro do Interior, Joaquim Forn e Josep Rull (Território) foram condenados a 10 anos de cadeia e Jordi Cuixart, responsável pela instituição Òmnium Cultural, foi condenado a nove anos de prisão por sedição.
Ao todo eram 12 os separatistas que aguardavam a leitura da sentença pelo seu envolvimento nos acontecimentos que levaram ao referendo ilegal sobre a autodeterminação da Catalunha realizado em 01 de outubro de 2017 e à declaração de independência feita no final do mesmo mês.
Nove deles já estavam presos preventivamente, enquanto o ex-presidente do executivo regional Charles Puigdemont faz parte de um grupo de separatistas que continuam no estrangeiro e que não foram julgados.
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