O PS foi afastado pelo PSD do poder autárquico em Bragança há 20 anos, tendo liderado o município durante dois mandatos, entre 1989 e 1997.
Um ano depois de ter assumido a distrital do partido, Carlos Guerra foi apresentado, pelo presidente da concelhia do PS, Luís Silvestre, “como um homem de coragem que decidiu sair do conforto do sofá para abraçar” a candidatura à Câmara de Bragança.
Carlos Guerra tem 61 anos, é arquiteto e um nome conhecido na região por ter sido diretor do Parque Natural de Montesinho e da Direção Regional de Agricultura, e por ter chegado à presidência nacional do então Instituto da Conservação da Natureza (ICN).
Fez assessoria e auditoria ambiental em diversos planos e projetos nas áreas do Ordenamento do Território, Ambiente e Ecoturismo em Portugal, Moçambique e Guiné-Bissau, e nos últimos anos tem estado ligado ao projeto de reativação da exploração mineira do ferro de Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança.
A candidatura à Câmara é encarada como “um desafio difícil, mas não impossível”, e o candidato diz-se disposto “a conduzir um projeto autárquico que ultrapasse o arranjo de rotundas e lancis e que devolva a Bragança alguma da centralidade que já teve”.
Carlos Guerra reside em Bragança e quer colocar a capital de distrito a liderar “a articulação e criação de sinergias entre os diferentes municípios” para projetor o potencial de toda a região.
O candidato socialista considera que quem lidera a autarquia com o nome do distrito deve ter “um papel importante na articulação” de toda a região e não “olhar apenas para o próprio umbigo” ou “estar sentado à espera de soluções”.
“É inaceitável que um distrito com tanto potencial tenha tantos problemas. Há um grande problema de articulação e criação de sinergias entre os diferentes municípios”, defende, acrescentando que o atual presidente, o social-democrata Hernâni Dias, “não tem tido esse papel”.
Para Carlos Guerra, vai ser travada nestas autárquicas “uma luta entre projetos”. O socialista demarca-se também do atual presidente, a cumprir o primeiro mandato, na estratégia transfronteiriça.
“Não vai haver desenvolvimento económico em Bragança enquanto a autoestrada entre Quintanilha e Zamora (Espanha) não estiver concluída”, defende, afirmando que “é uma questão de a negociar com Bruxelas” e que esta ligação “é prioritária” por que faz parte de uma rede europeia de estradas.
Já os executivos sociais-democratas têm assumido a reivindicação da ligação de Bragança a Puebla de Sanábria, reforçada agora com a construção de uma estação do comboio de alta velocidade espanhol nesta zona da fronteira.
“Faz sentido olharmos para norte, mas aquela sobre a qual pode residir um projeto bem planeado é a ligação a Zamora”, considera.
O candidato lamenta “a perda de influência” de Bragança e aponta que “nos anos de 1960, se não era o primeiro, era o segundo eixo territorial” da região transmontana, enquanto agora “é o quarto, depois de Vila Real, Mirandela e Valpaços”.
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