“Os bloqueios de estradas estão a traduzir-se num significativo prejuízo económico”, disse a confederação num comunicado em que sublinha que os transportadores espanhóis têm necessariamente de passar também por França para chegar a outros mercados relevantes, como a Alemanha e o Reino Unido.
Segundo as estimativas da confederação, cerca de 20 mil camiões cruzam diariamente a fronteira espanhola em direção a França e as perdas rondam os 600 euros por cada camião, o que eleva a 12 milhões de euros o total diário de prejuízos.
Este cálculo não tem em conta os danos causados em camiões espanhóis que foram alvo de protestos em França e viram destruída de forma parcial ou total a mercadoria que transportavam.
A confederação pediu a intervenção do Ministério da Agricultura de Espanha e da Comissão Europeia nesta situação, para ser desbloqueada a circulação de mercadorias em território francês.
Em paralelo, as associações que representam o setor da agricultura em Espanha vão reunir-se na terça-feira para fazerem uma avaliação do impacto dos protestos em França.
Dirigentes destas associações sublinham que os protestos coincidem com uma das maiores épocas do ano da exportação de hortaliças e frutas produzidas em Espanha.
Uma associação do sul do país (Associação de Organizações de Produtores de Frutas e Hortaliças da província de Almería) disse que as perdas podem chegar a 75 milhões de euros numa semana por causa dos bloqueios e ataques a produtos agrícolas espanhóis.
O ministro da Agricultura espanhol, Luis Planas, considerou hoje inadmissíveis os ataques e bloqueios ao trânsito de produtos agrícolas oriundos de Espanha e pediu ao Governo francês para garantir “o princípio da livre circulação”.
“Respeitamos o direito de manifestação mas com respeito pelas pessoas e pelos bens”, disse o ministro, que lembrou igualmente que as exportações espanholas que passam pelas estradas de França têm também outros países como destino.
Luís Planas disse ainda que dentro da União Europeia (UE) as normas de produção são similares em todos os Estados-membros, pelo que os produtos agrícolas espanhóis cumprem as mesmas regras da qualidade e fitossanitárias dos franceses.
Os protestos de agricultores em França pretendem denunciar, sobretudo, a queda de rendimentos, as pensões baixas, a complexidade administrativa, a inflação dos padrões e a concorrência estrangeira.
Várias estradas têm sido bloqueadas desde a semana passada devido aos protestos, apesar de o Governo francês ter apresentado medidas de emergência, incluindo uma isenção fiscal sobre o gasóleo agrícola, o compromisso de negociar em Bruxelas a revogação da obrigação de deixar 4% das terras em pousio e a aceleração dos pagamentos da Política Agrícola Comum (PAC), da qual a França é o principal beneficiário, com 9 mil milhões de euros por ano.
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