“Ao nível europeu, em média, ultrapassámos já o objetivo de 80% de armazenamento de gás, que foi estabelecido na legislação para 01 de novembro e, portanto, estamos satisfeitos com os progressos feitos até agora, mas claro não nos podemos acomodar e gostaríamos que os Estados-membros continuassem a melhorar os níveis de enchimento”, declarou o porta-voz do executivo comunitário para a área da Energia, Tim McPhie.
Falando na reunião diária da instituição, em Bruxelas, dois dias depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter anunciado que a meta europeia foi atingida, Tim McPhie admitiu que “há alguns Estados-membros ou acima ou abaixo dessa média”.
Ainda assim, “não temos nenhuma preocupação em particular com nenhum Estado-membro porque estão dentro dos limites da trajetória que foi estabelecida e, como digo, continuamos a encorajá-los a encher o seu armazenamento”, assegurou o responsável.
“Precisamos disto para nos preparar para qualquer eventualidade neste inverno”, adiantou Tim McPhie.
Dados da organização europeia Gas Infrastructure Europe, consultados hoje pela agência Lusa, revelam que o preenchimento das reservas de gás da UE já atingiu 80,4%, com Portugal a ter o seu armazenamento totalmente cheio (100%), o único Estado-membro nessa situação.
Abaixo da média dos 80% estão hoje a Áustria (66,5%), Bulgária (61,3%), Croácia (77,1%), Hungria (63,4%), Letónia (54,9%), Holanda (77,3%), Roménia (73,1%) e Eslováquia (79,4%), segundo os dados da Gas Infrastructure Europe, disponibilizados na internet.
Na terça-feira, Ursula von der Leyen anunciou que a UE já atingiu a meta de 80% de armazenamento de gás, prevista para 01 de novembro próximo, falando em “boas notícias” para reduzir a dependência da Rússia.
Numa altura em que se teme corte no fornecimento do gás russo à UE, estão em vigor no espaço comunitário novas regras para armazenamento de gás, prevendo que as instalações na UE estejam pelo menos 80% preenchidas até 01 de novembro próximo, devendo os países esforçar-se para chegar aos 85%.
A ideia é evitar uma rutura no inverno, já que os armazéns subterrâneos de gás (que existem em 18 dos 27 Estados-membros) disponibilizam aprovisionamento adicional em caso de forte procura ou de perturbações no abastecimento, reduzindo a necessidade de importar gás adicional ao, habitualmente, fornecerem 25-30% do gás consumido na estação fria.
No final de março passado, a Comissão Europeia propôs uma obrigação mínima de 80% de armazenamento de gás na UE para o próximo inverno, até início de novembro, para garantir fornecimento energético, percentagem que deverá chegar aos 90% nos anos seguintes.
E, uma vez que só 18 países têm instalações de armazenamento no seu território, os Estados-membros sem instalações de armazenamento devem ter acesso às reservas de outros.
Dos 27, só a Grécia, Chipre, Irlanda, Eslovénia, Lituânia, Finlândia, Estónia, Malta e Luxemburgo não têm infraestruturas para armazenamento de gás.
As tensões geopolíticas devido à guerra da Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.
Em Portugal, o gás russo representou, em 2021, menos de 10% do total importado.
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