"O Reino Unido propõe que o período [para a saída] termine a 30 de junho de 2019", escreveu May na carta endereçada a Donald Tusk esta sexta-feira, formalizando o pedido de adiamento da saída do país da União Europeia conhecido na terça-feira.
Theresa May deseja com esta prorrogação do prazo ganhar tempo para gerar consensos entre os parlamentares britânicos sobre os termos da saída do país do bloco europeu. Paralelamente, a primeira-ministra convidou o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, para negociar.
Todavia, na mesma missiva para Tusk, May diz que caso se consiga chegar a acordo antes de 30 de junho a extensão do prazo deve terminar mais cedo.
Apesar de ter considerado no passado que a participação do Reino Unido nas Eleições Europeias (que se realizam de 23 a 26 de maio) era desaconselhável, May assume agora essa possibilidade.
"O Governo desejar concordar com um calendário de ratificação [do acordo de saída] que permita ao Reino Unido sair da União Europeia antes de 23 de maio de 2019 e, assim, cancelar a participação nas eleições parlamentares europeias, mas continuará a preparar-se de forma responsável para realizar estas eleições caso isto não seja possível".
"Flextension", a extensão flexível de Tusk
Fontes da União Europeia dão conta do desejo de Donald Tusk, presidente do Concelho Europeu, oferecer ao Reino Unido maior flexibilidade na saída do bloco, propondo uma extensão flexível até um ano.
Segundo fonte oficial, esta possibilidade pode ser apresentada à primeira-ministra britânica durante a cimeira europeia de 10 de abril, em que se irá discutir o processo de saída do Reino Unido.
"Poderíamos propor ao Reino Unido uma extensão até um ano, que termina automaticamente assim que o acordo de saída seja aceite e ratificado pela Câmara dos Comuns", avançou a mesma fonte, citada pela Reuters.
"E mesmo que isto não seja possível, assim o Reino Unido tem tempo suficiente para repensar a estratégia do Brexit. Uma extensão curta é possível, e uma extensão longa também, se necessário. Parece um bom cenário para ambos os lados e dá ao Reino Unido toda a flexibilidade, evitando a necessidade de discutir no espaço de semanas novas extensões do Brexit", acrescentou.
Escreve o The Guardian que Tusk está determinado a dar ao Reino Unido toda a flexibilidade necessária, afim de evitar qualquer ideia de que Bruxelas está a tentar acorrentar o país à União Europeia.
Na sequência do voto favorável à saída do Reino Unido da União europeia no referendo de 23 de junho de 2016, o país tinha até 29 de março de 2019 para formalizar a saída. No entanto, a recusa reiterada dos termos do Acordo de Saída negociado entre o Governo de Theresa May e os outros 27 países do bloco por parte do parlamento britânico criou um impasse que obrigou a um primeiro adiamento, para 12 de abril. Agora, uma vez que o impasse se mantém — mesmo depois dos deputados terem tirado das mãos do governo a condução do processo, sujeitando-o às decisões tomadas pelo parlamento — o Reino Unido avançou para um novo pedido de prorrogação do prazo. Nos sucessivos adiamentos, uma das questões mais prementes é o facto de se realizarem eleições europeias este ano, de 23 a 26 de maio, nas quais o Reino Unido será obrigado a participar caso não saia do bloco antes de 22 de maio. Face ao turbulento processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o bloco já anunciou que está preparado para uma saída desordenada, apesar de ser um cenário desaconselhável.
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