“Queremos agradecer a visita da primeira-ministra May. Foi uma reunião produtiva, mas estamos muito preocupados. Arriscamos uma catástrofe económica e humana, esta é a realidade no caso de um Brexit sem acordo. Uma saída desordenada é uma solução muito perigosa”, assumiu Antonio Tajani.

Na sua comparência diante dos meios de comunicação em Bruxelas, depois de ter recebido a primeira-ministra britânica, Theresa May, o presidente do Parlamento Europeu enalteceu que a assembleia europeia apoia o acordo de saída já fechado entre Bruxelas e Londres, por ser a única solução que garante a saída ordenada do Reino Unido da União Europeia (UE), a paz na ilha da Irlanda e a integridade do mercado único.

“Estamos abertos a ser mais ambiciosos na nossa relação futura, incluindo no tema da fronteira irlandesa, caso o Reino Unido esteja disposto a mudar algumas das suas linhas vermelhas”, ressalvou, sem adiantar mais detalhes.

Coube ao coordenador do Parlamento Europeu para o Brexit, Guy Verhofstadt, detalhar a proposta do PE, revelando que a assembleia europeia está aberta a tornar a declaração política da relação futura entre a UE e o Reino Unido, que acompanha o texto do acordo de saída, mais “ambiciosa, vinculativa e precisa”, inclusive na cláusula do mecanismo de salvaguarda para a fronteira irlandesa, “explicando claramente que aquele é uma segurança e nada mais do que isso”.

“A senhora May assegurou-nos que haverá um ‘backstop’, que não está em cima da mesa remover o ‘backstop’, porque este é absolutamente necessário para preservar o Acordo de Sexta-feira Santa, a integridade do mercado único e também o processo de paz na Irlanda. Para nós, um ‘backstop’ a toda a prova é essencial e se há um problema com o ‘backstop’ como está no acordo de saída, a nossa proposta é tentar resolver o problema na declaração política”, esclareceu.

Guy Verhofstadt contou ainda que o PE reiterou que não pode haver um acordo com Londres no clima de incerteza política instalado no Reino Unido, no qual as maiorias se baseiam “em seis, sete, oito, nove votos”.

“A cooperação entre os partidos é o caminho a seguir. Daí acolhermos com agrado que Jeremy Corbyn tenha escrito hoje à senhora May para oferecer uma solução interpartidária para o ‘Brexit’. É importante que isto leve a uma posição no Reino Unido que tenha uma maioria mais ampla possível para podermos concluir esta negociação”, realçou.
Segundo o político belga, um não acordo não é uma opção para o PE, “é um desastre para os dois lados”.

“É uma irresponsabilidade que alguns políticos no Reino Unido estejam a apostar e a preferir um não acordo. Esta é posição que expressamos claramente em nome do PE”, concluiu.

No seu périplo por Bruxelas, Theresa May não conseguiu demover, até ao momento, nenhum dos líderes europeus, que reiteraram a sua indisponibilidade para renegociar o acordo de saída do Reino Unido do bloco comunitário, mas ainda assim abriram a porta a uma negociação dos termos da declaração política que regerá a futura relação entre as partes, nomeadamente no que diz respeito ao mecanismo de salvaguarda para a fronteira irlandesa.

O ‘Brexit’, agendado para 29 de março, encontra-se num impasse após o parlamento britânico ter ‘chumbado’, em 15 de janeiro, o acordo do ‘Brexit’ fechado entre Londres e Bruxelas em novembro.