O documento “Um Rosto Familiar: A violência nas vidas de crianças e adolescentes” destacou que quase metade de todos os homicídios de adolescentes ocorrem na América Latina e Caraíbas, embora vivam na região menos de 10% da população mundial nesta faixa etária.
A Venezuela tem a maior proporção de homicídios de jovens do sexo masculino entre os 10 e os 19 anos de idade, com uma taxa de 96,7 mortes para cada 100 mil, seguido pela Colômbia (70,7), El Salvador (65,5), Honduras (64,9) e Brasil (59).
“Os homicídios muitas vezes são só a última etapa de um ciclo de violência a que crianças e adolescentes estão expostos desde a primeira infância”, salientou Florence Bauer, representante da Unicef no Brasil, num comunicado divulgado juntamente com o estudo.
“A maioria dos homicídios contra adolescentes não acontece em países que estão em conflito, como Síria, mas nos países da América Latina e das Caraíbas e o Brasil encontra-se entre aqueles com as taxas mais altas de homicídios de adolescentes do mundo”, completou o especialista.
Vários fatores de nível individual estão associados ao aumento do risco de homicídio dos adolescentes no Brasil e a raça foi o componente mais importante.
“No Brasil, a taxa de homicídio em 2014 entre adolescentes de ascendência africana ou multirracial eram quase três vezes maiores do que as dos jovens brancos”, destacou o relatório da Unicef.
Apesar da alta taxa de violência, o Brasil foi mencionado de forma positiva quando a pesquisa destaca o país como um dos 59 do mundo que têm uma legislação que proíbe o castigo físico.
Segundo o relatório, apenas 9% das crianças com menos de 5 anos em todo o mundo vivem nesses países, o que deixa outros 607 milhões sem uma proteção legal contra esse tipo de violência.
O levantamento também destacou que a cada 7 minutos, em algum local do mundo, uma criança ou um adolescente, entre os 10 e os 19 anos, é morto, seja vítima de homicídio ou de alguma forma de conflito armado ou violência coletiva.
“Somente em 2015, a violência vitimou mais de 82 mil meninos e meninas nessa faixa etária”, concluiu a Unicef.
Para fazer este levantamento, a Unicef recolheu dados de mortalidade oficiais fornecidos por 183 países filiados à Organização Mundial da Saúde (OMS) com populações acima de 90 mil pessoas em 2015.
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