“Não o desejo e os bombeiros também não o querem e por favor evitem que tenhamos de o fazer”, disse nas comemorações do Dia Nacional do Bombeiro, em Cascais, depois de ter desfilado um rol de exigências que o Governo não tem satisfeito.
“Porque é que os poderes públicos não respondem favoravelmente às propostas que lhe são apresentadas pela Liga?”, questionou Jaime Marta Soares, perante bombeiros mas também perante a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo Rebelo de Sousa falou durante breves minutos apenas para dizer que o fazia com “emoção e orgulho”, orgulho de ser Presidente “de uma pátria que tem os melhores bombeiros do mundo”.
Constança Urbano de Sousa também elogiou o papel dos bombeiros e salientou a sua importância, mas não respondeu a qualquer crítica ou exigência da Liga.
Afirmando que era “chegado o momento” de responder aos apelos dos bombeiros, Jaime Marta Soares tinha dito ser “necessário e urgente” rever a lei de financiamento dos bombeiros para que entre no Orçamento do Estado de 2018, reverter para as associações humanitárias os 500 mil euros que foram prometidos, e que seja reajustada a diretiva financeira sobre a compensação diária dos bombeiros.
Os bombeiros que integram o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Florestais (DECIF) não terão a comparticipação aumentada, disse, recentemente, o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes - que hoje não esteve presente na cerimónia em Cascais -, o que deixou os bombeiros descontentes.
Jaime Marta Soares considerou esse aumento uma questão de justiça, como também a é a “criação imediata” do cartão social do bombeiro, um “incentivo ao voluntariado”.
Que os poderes instituídos digam o que pensam e o que querem dos bombeiros, afirmou Marta Soares, concluindo que os bombeiros, se forem obrigados, desenterram “o machado da paz para fazer a guerra a quem colocar em guerra” a paz dos bombeiros. “Por favor evitem que nós o tenhamos de fazer”, disse.
Constança Urbano de Sousa respondeu com os apoios do Estado no reforço das infraestruturas e capacidade operacional, nas atividades das associações humanitárias e no incentivo ao voluntariado e promoção de melhores condições aos bombeiros.
As corporações foram dotadas de “infraestruturas operacionais e modernas” e com mais veículos, um investimento de 40 milhões de euros, e foram constituídas equipas de intervenção permanente e já foram criados 50 postos de trabalho entre fim de 2016 e princípio de 2017, disse a ministra.
Depois, acrescentou, foram reforçadas transferências para as associações humanitárias em mais de dois milhões de euros no ano passado (face a 2015), isentada de imposto sobre veículos a aquisição de veículos operacionais e de transporte de doentes, e reforçado com 350 mil euros o fundo de proteção social do bombeiro.
“Todas as medidas representaram um enorme esforço orçamental do Estado. Só o DECIF custa pelo menos 75 milhões de euros”, disse a ministra, acrescentando que também ela considera que era justo aumentar a compensação aos bombeiros mas que “o país não está ainda em condições de o assegurar”.
Na cerimónia de hoje em Cascais, que incluiu um desfile apeado e motorizado, uma missa e entrega de prémios, o presidente da Câmara, Carlos Carreiras, também disse que o mínimo que se pode fazer pelos bombeiros é não mostrar “ingratidão economicista”.
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