“É direito dele [Lula da Silva] ficar preso lá. Quer ficar, fica. Não vou interferir. Não vou tripudiar em cima dele. Foi julgado em segunda instância, terceira… O que o Governo dele fez está patente. Assisti a uma entrevista de um dos seus acusadores [Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobrás]. Ele fala em detalhes o que aconteceu no Governo de Lula. Não tem como várias pessoas inventarem a mesma história”, disse Bolsonaro, numa entrevista ao jornal Estadão.
“Ele [Lula da Silva] meteu a mão e entregou a amigos dele. Para quê? Projeto de poder. Não deu certo. Graças a Deus, não deu certo. Nós estamos aqui, tentando fazer o melhor para o Brasil”, acrescentou o chefe de Estado ao Estadão.
O ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse na segunda-feira, numa carta, que se recusa a sair da prisão e progredir para regime semiaberto, afirmando que não aceita “barganhar” [troca desonesta] os seus direitos e liberdade.
“Ao povo brasileiro: não troco a minha dignidade pela minha liberdade. (…) Quero que saibam que não aceito barganhar os meus direitos e a minha liberdade. Já demonstrei que são falsas as acusações que me fizeram. São eles e não eu que estão presos às mentiras que contaram ao Brasil e ao mundo”, afirmou Lula, numa carta redigida manualmente e publicada nas redes sociais do ex-chefe de Estado.
O Ministério Público Federal (MPF) pediu na sexta-feira à Justiça para que Lula da Silva passe para o regime semiaberto, para cumprir o resto da sua pena, pelo que poderá deixar a cadeia durante o dia para poder trabalhar.
Lula, de 73 anos, está preso desde 07 de abril de 2018 numa cela especial da Polícia Federal no Paraná. Na segunda-feira passada, completou um sexto da sua sentença de oito anos e 10 meses por corrupção, o que lhe dá direito de mudar para o regime semiaberto ou mesmo domiciliário.
Os procuradores da Lava Jato, maior operação contra a corrupção no país, incluindo o chefe da investigação, Deltan Dallagnol, assinaram um ofício segundo o qual Lula cumpre os critérios para um “regime mais brando”.
Uma vez preenchidos “os requisitos objetivos e subjetivos”, Lula pode cumprir a “pena no regime mais benéfico”, lê-se no texto.
Contudo, para o histórico líder do Partidos dos Trabalhadores (PT) sair da prisão sem ter a alegada inocência restabelecida não faz parte dos seus planos.
De acordo com o advogado de Lula da Silva, Cristiano Zanin, o ex-Presidente brasileiro não é obrigado a aceitar a progressão para o regime semiaberto, que foi pedida pelo MPF.
Segundo Zanin, é direito do ex-Presidente não aceitar a progressão de regime: “O Estado não pode impor ao jurisdicionado nenhum tipo de condição”, afirmou à imprensa local.
Na entrevista ao jornal Estadão, Bolsonaro foi ainda questionado se temia o resultado do julgamento que decorreu na semana passada no Supremo Tribunal Feferal (STF), e que pode resultar em anulações de sentenças na operação Lava Jato.
“Não, não me meto em poder nenhum. (…) Cada um faz sua parte. Eu quero é harmonia, paz e governar o Brasil. Não quero confusão, não. Eu sou executivo, não sou legislativo. A última palavra é deles, do veto. A regra do jogo é essa, não vai mudar a regra”, declarou o mandatário.
Lançada em 2014, a Lava Jato, maior operação contra a corrupção no Brasil, trouxe a público um gigantesco esquema de corrupção de empresas públicas, implicando dezenas de altos responsáveis políticos e económicos, e levou à prisão de muitos deles, como Lula da Silva.
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