O Papa Francisco deslocou-se na segunda-feira, 15 de abril, ao mosteiro Mater Ecclesiae, nos Jardins do Vaticano, para levar a Bento XVI os seus votos de Feliz Páscoa e também, "com particular afeto", os parabéns pelo aniversário que celebra hoje, 16 de abril, conta o Vatican News.
No Twitter, Alessandro Gisotti, diretor interino da Sala de Imprensa da Santa Sé, partilhou uma fotografia deste encontro. Não foram divulgados mais pormenores sobre este momento.
Este ano, o aniversário de Bento XVI fica marcado pelo recente documento sobre abusos sexuais na Igreja.
O documento de 18 páginas, intitulado "A Igreja e os abusos sexuais", será publicado na revista mensal "Klerusblatt", é dedicado ao clero católico na Baviera e foi antecipado hoje por vários meios de comunicação social, incluindo o jornal italiano "Corriere della Sera" ou a agência católica de notícias Aciprensa.
Bento XVI denunciou ainda no documento uma justiça que durante anos foi baseada em garantias a padres pedófilos.
O texto não fornece orientações sobre como erradicar os abusos de menores dentro da Igreja e conclui que a pedofilia atingiu "essas proporções" diante da "ausência de Deus".
O Papa emérito defendeu que a publicação deste texto pretende contribuir para este "momento difícil" que a Igreja Católica atravessa e decidiu fazê-lo após a reunião realizada em fevereiro no Vaticano, a convite do Papa Francisco aos presidentes da Conferências Episcopais de todo o mundo.
De Joseph Ratzinger a Bento XVI
Ratzinger nasceu em Marktl (Baviera), na diocese de Passau, numa família tradicional de camponeses, e participou como soldado do exército alemão nos últimos meses da Segunda Grande Guerra.
Entre 1946 e 1951 estudou filosofia e teologia na universidade de Munique e, em 1951, foi ordenado sacerdote.
Esteve em Portugal, em 2010, e a sua ligação a Fátima não se fica pela visita.
Antes de ser Papa, Ratzinger foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e nessa qualidade fez uma interpretação ao chamado terceiro segredo de Fátima.
Para Ratzinger, os três segredos de Fátima significam, no seu conjunto, uma “exortação à oração como caminho para a salvação” e “o apelo à penitência e à conversão”.
Joseph Ratzinger tornou-se no primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos, a 19 de abril de 2005, para suceder a João Paulo II. E foi também o primeiro Papa em sete séculos a resignar.
Decano do conselho cardinalício, antes da morte de João Paulo II, Ratzinger dirigia a poderosa Congregação para a Doutrina da Fé, herdeira da Inquisição, e foi considerado um representante da linha mais dogmática da Igreja.
Na Alemanha, por exemplo, o seu nome aparece ligado ao “braço de ferro” que manteve com o cardeal Karl Lehmann, presidente da Conferência Episcopal alemã, em torno da questão do aborto.
A dois meses de festejar oito anos de pontificado, Bento XVI renunciou ao cargo, marcado por uma postura mais dogmática da Igreja e iniciativas como a beatificação do seu antecessor, João Paulo II, em 2013.
Desde a sua renúncia, o Papa emérito tem levado uma vida reservada no Mosteiro Mater Eclesiae, do Vaticano, sem aparições públicas desde julho de 2016.
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