O Bellingcat, que faz investigação com base em fontes abertas [disponíveis a todos] e ‘fact-checking’ [verificação de factos] foi lançado em 14 de julho de 2014. Três dias depois o avião da Malaysia Airlines, o voo MH17, despenhava-se na Ucrânia depois de ter sido atingido, tornando-se na primeira grande investigação do Bellingcat, feita principalmente por voluntários sem fundos externos.
Recentemente, a investigação do Bellingcat e da cadeia norte-americana CNN revelou como o opositor russo Alexei Navalny foi envenenado.
O projeto Bellingcat é “bastante colaborativo”, “trabalhamos com várias organizações”, disse Eliot Higgins.
Além da investigação, o Bellingcat é “muitas coisas”, entre elas dá formação sobre como usar as fontes abertas, tendo inclusivamente treinado nesta área a equipa da BBC em África.
Questionado sobre como vê o projeto dentro de três anos, Eliot Higgins disse esperar “expandir para mais regiões do mundo”.
Atualmente, o Bellingcat está na América Latina com alguns produtos, tendo feito algumas parcerias.
“Estamos em busca de trabalhar em diferentes áreas, onde se inclui a conservação [da natureza], por exemplo, porque a fonte aberta ainda não foi aplicada aqui” e “também estamos a procurar produzir uma série de documentários sobre algumas de nossas maiores investigações, até mesmo algumas séries de drama”, acrescentou.
“Temos planos para o futuro, pretendemos fazer mais produções para televisão, ‘podcasts” e algo do género”, referiu, adiantando que o Bellingcat tem encontrado da parte das produtoras interesse em fazer filmes baseados nas suas investigações.
O jornalismo de investigação “é uma parte” do que faz o Bellingcat, “é um pouco estranho” porque “tem atividade naquilo que mais tradicionalmente” é visto como recolha de dados, prosseguiu.
“Usamos fontes abertas, analisamos e produzimos relatórios sobre isso”, salientou, apontando tratar-se de um processo de três passos: “identificar, verificar e amplificar”.
“Identificamos o sujeito da informação, verificamos a informação e depois amplificamos” e esta última parte poderá resultar numa “típica peça jornalística, ou pode ter 100 páginas, um relatório fortemente detalhado, um ‘podcast’ ou um documento a ser submetido ao tribunal”. Ou seja, “pode ser toda uma gama de produtos, explicou.
Acima de tudo, em todo o processo, o Bellingcat verifica se “a informação é sólida”.
Uma das apostas é formação, donde provem cerca de 30% da receita.
“Basicamente formamos pessoas para fazer exatamente o que fazemos todos os dias: investigação com fontes abertas”, acrescentou.
Atualmente, com 18 colaboradores, o projeto de jornalismo de investigação tem um escritório na Holanda.
O Bellingcat colabora com várias entidades sobre se as provas recolhidas através de fontes abertas “podem ser usadas”, entre elas estão instituições como o “Tribunal Penal Internacional”, referiu.
“Estamos a descobrir como melhorar os nossos processos, a desenvolver novas metodologias”, acrescentou Eliot Higgins.
“Inicialmente estávamos concentrados no conflito no Iémen” e agora “temos estado a investigar os ataques aéreos sauditas, usando uma nova metodologia, estamos a testar uma espécie de julgamento simulado com juízes e advogados reais para ver se o nosso desempenho será de alguma forma atacado e usado em tribunal”, afirmou.
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