Em declarações à porta da Recivalongo, que desde 2019 tem sido acusada de crime ambiental no aterro de Sobrado pela população daquele concelho do distrito do Porto, a dirigente considerou insuficientes as medidas anunciadas pelo governo neste âmbito.
“O governo já disse que vai rever as regras para estes aterros e para a importação de lixo e no Orçamento de Estado já se aumentou o preço por tonelada de lixo para tentar desincentivar este tipo de comércio. Do nosso ponto de vista não chega e, por isso, o BE vai propor que sejam encerrados todos os aterros que não têm condições e que já estão na sua capacidade bem como os que estão na proximidade das populações”, anunciou Catarina Martins.
O Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) anunciou no domingo que Portugal recusou a entrada nos seus aterros de “48 mil toneladas de resíduos” provenientes de países estrangeiros só na última semana.
“Em apenas uma semana, a publicação do despacho permitiu já objetar a entrada de 48 mil toneladas de resíduos provenientes de outros países”, avançou a fonte do MAAC, anunciando também que a Taxa de Gestão de Resíduos (TGR) para os aterros em Portugal vai duplicar no próximo verão de 11 para “22 euros por tonelada”.
Numa visita ao perímetro exterior do aterro que se estendeu por meia hora e em que foi possível perceber a entrada e saída constante de camiões do aterro, o mau cheiro foi outra presença constante, pese embora a humidade que se fazia sentir no local.
Defendendo ser “preciso fiscalizar todos os aterros” porque “as populações têm direito a saber que lixo está no aterro”, Catarina Martins estendeu essa necessidade à escala nacional argumentando que “Portugal tem de saber não só o que está a ser tratado, mas também o lixo que entra”.
“A importação de lixo é uma vergonha. Se estivéssemos a falar de uma medida ambiental, que tivesse a ver com solidariedade entre vários países para resolver problemas, seríamos os primeiros a apoiar, mas não estamos a falar de um negócio de milhões em que alguém ganha muito à conta da qualidade de vida e da saúde das populações”, acusou a coordenadora do BE.
Perante cerca de 50 locais e membros da associação Jornada Principal, que tem liderado as denúncias à ação da empresa, a dirigente bloquista reivindicou que a “lei tem de mudar considerando o interesse das populações e não apenas como é o negócio internacional dos resíduos”.
Teresa Linda, residente em Sobrado, que dista cerca de 500 metros da entrada do aterro, alertou que as “crianças passam semanas inteiras em casa sem conseguir ir para a escola por estarem doentes” e que “sempre que alguém é picado por um mosquito é infeção pela certa”.
“Isto é um cheiro a morto todo o dia”, denunciou a local, dando ainda conta que “a situação piorou no último ano” e que a solução “é o encerramento” pois dizer que “vão reduzir ao número de resíduos é atirar areia para os olhos”.
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