À entrada para o ciclo de entrevistas "30 Portugueses, 1 País", Catarina Martins foi questionada pelos jornalistas sobre os recentes episódios de violência na Grande Lisboa e as críticas feitas ao BE de incitação à violência com declarações, por exemplo, da deputada Joana Mortágua, tendo a líder do BE se escusado a responder diretamente a estas acusações.
"As forças de segurança desempenham uma função essencial e não deveriam ser manchadas por alguns elementos racistas e violentos no seu seio e pela impunidade com que, muitas vezes, essas situações são tratadas", disse Catarina Martins.
Segundo a líder o BE, na segunda-feira, assistiu-se "a uma manifestação importante na Avenida da Liberdade, maioritariamente pacífica, de jovens que dizem basta à impunidade e basta à violência policial racista".
"E é importante dizer a estes jovens que a sua mensagem foi ouvida, que eles não estão sozinhos e que há muita gente que percebe o problema e eu faço-lhes um apelo: é que não caiam na tentação, não caiam no erro de responder à violência com violência", salientou.
O Ministério Público, continuou Catarina Martins, "já anunciou a abertura de um inquérito" e o grupo parlamentar do BE "questionou o Governo sobre as responsabilidades próprias da tutela", esperando que "haja investigação e consequências atempadamente".
Interrogada diversas vezes sobre as críticas de incitação à violência e sobre a responsabilidade do BE, Catarina Martins optou sempre por não responder, apesar da insistência dos jornalistas, repetindo os argumentos que já tinha apresentado.
A PSP reforçou hoje o policiamento com elementos da Unidade Especial de Polícia na Bela Vista, em Setúbal, e em algumas zonas de Loures e Odivelas (distrito de Lisboa), após incidentes registados durante a noite, com o lançamento de "cocktails Molotov" contra uma esquadra e o incêndio de caixotes e de várias viaturas.
Em comunicado, a PSP informou que continua as investigações a estes incidentes, "nada indiciando, até ao momento, que estejam associados à manifestação" de protesto contra uma intervenção policial no bairro da Jamaica, no Seixal (Setúbal).
Após a manifestação em frente ao Ministério da Administração Interna na segunda-feira, em Lisboa, quatro pessoas foram detidas na sequência do apedrejamento de elementos da PSP por participantes no protesto, convocado para dizer "basta à violência policial" e "abaixo o racismo".
Este protesto ocorreu um dia depois de incidentes em Vale de Chícharos, conhecido por bairro da Jamaica, entre a PSP e moradores, de que resultaram feridos cinco civis e um polícia, sem gravidade.
O Ministério Público e a PSP abriram inquéritos aos incidentes no bairro da Jamaica.
Os quatro manifestantes detidos em Lisboa vão ser julgados sumariamente em 7 de fevereiro.
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