“Continua, neste momento, o cenário de encerramento de urgências no Serviço Nacional de Saúde e o Governo não apresenta uma única proposta que possa ter efeito imediato”, afirmou Catarina Martins, na apresentação das conclusões da Mesa Nacional do BE, que esteve reunida em Lisboa.
Em conferência de imprensa, a líder do BE disse que as necessidades no Serviço Nacional de Saúde (SNS) “já estão diagnosticadas há muito”, indicando que “é preciso autonomia dos hospitais para contratar”, o regime de exclusividade para permitir dedicação ao serviço público e valorizar os profissionais do SNS e o descongelamento de carreiras.
A coordenadora bloquista referiu que há concursos de progressão de médicos, por exemplo, que já estão congelados desde 2017, considerando que, “com a situação de deterioração constante das condições profissionais, é natural que haja cada vez mais profissionais a abandonarem o Serviço Nacional de Saúde”.
“Enquanto isso acontece, o Serviço Nacional de Saúde gasta cada vez mais dinheiro a contratualizar a privados e a contratualizar com empresas de prestadores de serviços, que o ano passado já ficaram com 140 milhões de euros só para prestadores de serviços em urgências, ou seja, o que o Governo está a recusar aos profissionais de saúde está a pagar a mais às empresas privadas que estão já a operar dentro dos hospitais”, declarou Catarina Martins, acrescentando que, com isso, se verifica a passagem dos profissionais do SNS para o setor privado.
Para o BE, “a incapacidade do Governo” estende-se a outros serviços públicos, inclusive a situação de “caos” nos aeroportos, a falta de professores nas escolas e os atrasos na justiça.
“Aos problemas dos serviços públicos acrescenta-se o problema da inflação”, apontou a dirigente do BE, referindo que o Governo tem recusado “duas medidas básicas”, o controlo dos preços e o aumento de salários, “o que quer dizer que a situação da generalidade da população se vem a degradar”.
Catarina Martins contestou a inação do executivo: “Não se conhece uma única medida do Governo para controlar a inflação ou para fazer com que os salários possam responder à subida do custo de vida”.
Na reunião da Mesa Nacional do BE foi ainda abordada a seca que o país enfrenta, problema que os bloquistas consideram que, também, não tem tido resposta por parte do Governo, apesar de a situação ser pior do que em 2005, ano em que foram tomadas decisões como “cortar, limitar o abastecimento de água à população no Algarve para consumo, portanto, neste momento, tinham de estar a ser tomadas decisões”.
“O Governo não toma nenhuma decisão sobre a água e a seca está em valores como não víamos há muitos anos”, reforçou.
A líder do BE defendeu como medidas imediatas a gestão pública das albufeiras dos perímetros de rega públicos, para defender até os pequenos agricultores da agricultura intensiva, assim como, “nomeadamente no Algarve, para garantir que não é cortada a água à generalidade da população, por exemplo, que os campos de golfe sejam regados com águas residuais”.
“São medidas imediatas, de alcance imediato, para garantir que quem mais precisa da água não fica sem água e que a água potável vai para onde é necessária”, frisou.
Questionada sobre qual será o sentido de voto do BE à moção de censura ao Governo, apresentada pelo Chega, uma iniciativa que está à partida chumbada dado que o PS dispõe da maioria absoluta dos deputados na Assembleia da República, Catarina Martins disse que o tema não foi abordado na reunião da Mesa Nacional, acrescentando que “as críticas que o Bloco de Esquerda faz ao Governo não se confundem em nada com as estratégias mais ou menos oportunistas do Chega”.
Sobre os 41 militantes que anunciaram a saída do partido, a líder do BE referiu que o assunto também não foi tema da reunião.
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