Paulo de Sá e Cunha, sócio da sociedade de advogados Cuatrecasas, com sede em Barcelona e presente em 12 países (entre os quais Portugal) que, curiosamente, comemorou o centenário nas vésperas da realização do referendo catalão, esteve durante o passado fim de semana na cidade Condal.
O conhecido advogado, numa conversa telefónica com o SAPO24, momentos antes de embarcar para Lisboa, sublinhou que hesitou em ficar em Barcelona. “Ouvi a opinião, inclusive de alguns espanhóis, a perguntarem-me se iria ficar, dizendo-me que esperavam que as coisas fossem muito mais complicadas do que na realidade foram”.
Paulo Sá e Cunha socorreu-se, por diversas vezes, da palavra “normalidade” para caraterizar a passagem de mais de 72 horas por Barcelona. “Na véspera do referendo não se notou nenhuma perturbação na vivência da cidade, não notei nenhum aparato policial, nem ruas cortadas. Andei normalmente pela cidade, pelos pontos de reunião habitual, no Bairro Gótico, na Praça da Catalunha e Passeio de Gracia, Ramblas e por todo o lado”, frisou.
Vestindo no domingo, dia do referendo, a pele de turista na cidade, um entre muitos que circularam pelas ruas, diga-se em abono da verdade, explicou que fê-lo sem “nenhuma restrição”, que “tudo estava normalíssimo” e que “quem passeasse nas ruas não via grande aparato”, descreveu. “Os incidentes que vimos nas televisões foram nas mesas de voto”, realçou o advogado.
No dia seguinte ao referendo, ou seja, hoje, dia 2, numa cidade “normal”, a “única manifestação que vi e, ainda assim, uma coisa muito frouxa, foi à porta da Generalitat da Catalunha, uma praça onde estavam imensos jornalistas, com uns quantos independentistas a manifestarem-se de forma ruidosa à frente da sede do governo regional catalão”, descreveu.
Tendo visto as imagens nas televisões e registado o que a imprensa foi dando eco, reconhece que assistiu por estes dias a debates “intensos”, com muito “sectarismo”. Reconhece ainda que se “sente que há gente pró-independência, não é pró-referendo, é pró-independência, que há posições intermédias, como o Podemos, que vê o referendo como um ponto de partida para a legalização de um outro referendo, com caráter vinculativo” e que “os partidos constitucionalistas vão no sentido de que o referendo não foi legal e não tem, por isso, representatividade nenhuma”.
Escusando-se a debruçar-se sobre as “muitas leituras a fazer” no que toca a análise dos resultados, Paulo Sá e Cunha é taxativo ao caraterizar a vivência na cidade por estes dias em que os holofotes espanhóis e internacionais apontaram para a Catalunha, “Barcelona teve um ambiente ultra civilizado e não se verificou nada do que se poderia recear”, concluiu.
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