O magistrado considera que os dados obtidos pela investigação "não permitem estabelecer a existência de elementos de prova suficientemente sólidos para adotar uma medida com a gravidade e a exceção como é a prisão preventiva", pode ler-se no auto, citado pelo jornal espanhol 'País'.
Salh El Karib, 34 anos, era dono de um cibercafé em Ripoll, na Catalunha, fica sujeito a apresentações semanais. Para além disso, o suspeito fica impedido de deixar o país.
Oo juiz da Audiência Nacional espanhola Fernando Andreu decidiu pela liberdade condicional depois de ter prolongado por algum tempo a detenção do suspeito e até ficarem esclarecidos alguns detalhes da investigação.
Na terça-feira, Andreu tinha decretado a prisão sem fiança de dois dos quatro detidos na semana passada pelos atentados na Catalunha, depois de os ter ouvido durante todo o dia, e prolongado a detenção de Karib por mais 72 horas, para se esclarecer a sua participação nos factos com a realização de mais diligências.
O homem terá pago as viagens de Driss Oukabir a Marrocos, bem como "poderá ter pago as do imã", segundo diz o auto, citado pelo diário espanhol. Karib, porém, ter-se-á distanciado da célula terrorista, dizendo que foi apenas intermediário na compra dos bilhetes, recebendo por isso uma comissão.
Os dois detidos que permanecem em prisão são Mohammed Houli Chemlal, o presumível terrorista de 21 anos que ficou ferido na explosão da casa de Alcanar, a 16 de agosto, quando a célula preparava explosivos, e a Driss Oukabir, de 27 anos, que alugou a furgoneta usada para atropelar mais de uma centena de pessoas em Barcelona, a 17 de agosto.
Finalmente, o juiz da Audiência Nacional [um tribunal superior espanhol que julga delitos de maior gravidade, como os casos de terrorismo e crime organizado, entre outros] deixou em liberdade condicional Mohamed Aallaa, de 27 anos, detido em Ripoll e irmão de Sadi Aallaa - abatido a tiro pela polícia catalã na estância balnear de Cambrils, onde ocorreu o segundo atentado, na madrugada de 18 de agosto.
A decisão sobre este último foi sustentada por “os indícios existentes sobre a sua presumível colaboração com o grupo investigado não serem suficientemente sólidos”, lê-se no documento citado pela agência de notícias espanhola Efe.
Karib é um dos quatro detidos na sequência dos atentados da passada semana na Catalunha. Os atentados provocaram 15 mortos, dos quais duas portuguesas, de Sintra.
Os quatro suspeitos foram acusados de homicídios terroristas
Os quatro homens vão ser julgados por “pertença a uma organização terrorista, homicídios terroristas e posse de explosivos”, precisou a mesma fonte, citada pela agência noticiosa France Press.
O ministério público espanhol havia pedido prisão preventiva para todos os suspeitos.
Segundo fontes judiciais, os detidos acabaram de prestar declarações antes das 18:00 de terça-feira, depois de terem sido conduzidos à Audiência Nacional, em Madrid, depois de em Barcelona terem sido interrogados durante todo o dia.
Os alegados membros da célula terrorista que perpetrou os atentados de 17 de agosto compareceram sob reserva de sigilo perante o juiz e quatro procuradores da Audiência: a encarregada do caso do caso, Ana Noé, a coordenadora de jihadismo, Dolores Delgado, o procurador chefe, Jesús Alonso, e o tenente Miguel Ángel Caballo.
Um dos quatro detidos por implicação nos atentados de Barcelona e Cambrils confirmou, perante o juiz da Audiência Nacional, que a célula terrorista a que pertencia estava a preparar um ataque de maior dimensão.
15 Mortos, 135 feridos
Na semana passada, Espanha foi alvo de dois ataques terroristas, em Barcelona e em Cambrils, na Catalunha, que fizeram 15 mortos e 135 feridos, com a utilização de viaturas que atropelaram pessoas indiscriminadamente.
A lista de vítimas mortais do ataque em Barcelona incluiu estas duas portuguesas, uma de 74 anos, residente em Lisboa, e a sua neta, de 20.
Em Barcelona, o ataque ocorreu na quinta-feira à tarde, dia 17, nas Ramblas, uma avenida muito frequentada por turistas.
Na madrugada de sexta-feira, dia 18, cinco homens num automóvel atropelaram um grupo de pessoas em Cambrils, uma estância balnear a cerca de 100 quilómetros de Barcelona, fazendo um morto e cinco feridos.
Os dois ataques foram reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (também conhecido pelo acrónimo árabe Daesh).
No domingo, o Presidente da República e o primeiro-ministro deslocaram-se a Barcelona, a convite dos reis espanhóis, para assistir a uma missa pela paz e concórdia, celebrada na basílica da Sagrada Família.
Ontem, o presidente da República e o primeiro-ministro participaram na cerimónia fúnebre da jovem portuguesa que morreu no ataque terrorista em Barcelona, e nas exéquias da avó da jovem.
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