Augusto Santos Silva falava à Lusa no final de uma reunião, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa, com o grande imã da Mesquita de Al-Azhar, do Cairo, xeque Ahmed Mohamed el-Tayeb. Além de ser uma das autoridades religiosas sunitas, o xeque é presidente da Universidade Al-Azhar do Cairo, a maior e mais antiga universidade do mundo islâmico.
"Temos todo o interesse em estreitar a colaboração com a universidade", disse o ministro português, recordando que se trata do "principal centro intelectual, religioso e moral do Islão, pelo menos do Islão sunita".
"Em primeiro lugar, porque temos uma importante e muito bem integrada comunidade islâmica entre nós. Como disse ao imã, 'é nos dias de sol que se repara o telhado'. E o facto de essa comunidade islâmica que existe em Portugal ser totalmente imune a fenómenos de radicalização deve ser para nós um incentivo, para que façamos - da nossa parte - o que for necessário para que ela continue assim", referiu Santos Silva.
Por outro lado, disse o chefe da diplomacia portuguesa, "a Universidade de Al-Ahzar está a preparar a abertura de um departamento de língua portuguesa".
"Isso é muito importante para nós, pensando não só nos portugueses, como em todos aqueles que falam português no Mundo e que professam a religião muçulmana ou têm interesse pelo Islão", declarou o ministro.
Santos Silva acrescentou ainda que Portugal tem vindo a desenvolver no Egito, "com bons resultados", um programa de promoção da língua portuguesa.
"Temos protocolos de cooperação com a Universidade do Cairo e a Universidade Aswan que permitem o ensino regular, graduado e pós-graduado de português. A possibilidade de ter uma outra universidade com a dimensão e a importância desta [Universidade de Al-Ahzar] é muito importante para nós. Por isso esteve aqui o Instituto Camões", concluiu.
Santos Silva e o xeque Ahmed Mohamed el-Tayeb estiveram reunidos cerca de uma hora. No final apenas o chefe da diplomacia portuguesa esteve disponível para falar à imprensa.
A comunidade islâmica em Portugal conta com cerca de 50 mil fiéis e 51 mesquitas e locais de culto, distribuídos por várias zonas do país, nomeadamente área da Grande Lisboa, Porto e zona do Algarve, estimou hoje à Lusa o presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, Abdool Vakil.
Ao contrário de Espanha, em Portugal têm sido raras as detenções de muçulmanos por posse ou distribuição de documentos ou material informático de apologia do terrorismo e de apoio ou captação para grupos terroristas como o Estado Islâmico, a Al-Qaeda ou outros.
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