A Argélia é palco desde fevereiro de um movimento (‘Hirak’) de contestação inédito ao regime no poder desde a independência do país em 1962.
Após ter obtido em abril a demissão de Abdelaziz Bouteflika, na chefia do Estado há 20 anos, o ‘Hirak’ exige o afastamento do regime e recusa que organize a eleição presidencial.
Os cinco candidatos têm-se confrontado com grandes dificuldades no decurso da campanha face à hostilidade de grande parte da população, e os observadores consideram que a participação poderá ser fraca em 12 de dezembro.
“O povo argelino, todas as categorias confundidas, jovens mulheres, homens, estudantes, são exortados a manterem-se ao lado do seu país (…) para uma forte participação” nas presidenciais, declarou o general Gaid Salah, chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, ao associar de novo e veladamente os opositores ao escrutínio a cidadãos desleais ao seu país.
Em 20 de novembro, afirmou que a Argélia tinha necessidade das suas “crianças fiéis”, e pediu-lhes a “efetuarem o seu dever perante a pátria” e comparecerem nas assembleias de voto.
As presidenciais vão decorrer “numa atmosfera repleta de democracia real”, afirmou o chefe militar, que na prática dirige o país após a demissão de Bouteflika.
O general assegurou que a instituição militar reuniu “todas as garantias que permitam preservar a sinceridade do escrutínio e respeitar a escolha dos argelinos”, assegurou.
A Argélia não aceita “qualquer ingerência ou ‘diktat’ (…) de ninguém”, sublinhou o general, um dia após as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros francês e na véspera da apresentação de um projeto de resolução do Parlamento europeu sobre a “situação das liberdades” no país magrebino.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, antiga potência colonial, considerou na terça-feira que a solução para a crise na Argélia deve passar pelo “diálogo democrático pelo qual cada possa exprimir sem receio as suas opiniões” e pelo respeito “das liberdades de expressão (…) de imprensa e de manifestação”.
O Parlamento Europeia vai debater na quinta-feira um projeto de resolução, no âmbito dos seus debates regulares sobre os “casos de violações dos direitos humanos e do Estado de direito”, e quando desde há vários meses se intensificam na Argélia as prisões de manifestantes, militantes ou jornalistas favoráveis ao ‘Hirak’ ou críticos do escrutínio presidencial.
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