Além de usar plataformas na internet para o efeito, os aficionados estiveram na noite de sexta-feira nas imediações da praça de touros poveira, que acolheu uma das últimas corridas autorizadas, a recolher assinaturas para mostrar o seu descontentamento face à decisão.
“A nossa postura é a da liberdade. Quem gosta tem direito a ver, quem não gosta não precisa de vir. A adesão dos poveiros em massa a este espetáculo mostra que há muita gente contra a posição da autarquia”, explicou Rui Porto Maia, um dos responsáveis do movimento.
O aficionado, natural e residente na cidade, lembrou que “a praça de touros na Póvoa de Varzim tem quase 70 anos e é conhecida como a catedral tauromáquica do Norte”, esperando que “não se perca uma marca de identidade e tradição no concelho”.
“Queremos, com esta petição, mostrar a vontade dos poveiros e que a autarquia está enganada, pois esta é uma atividade com tradição de muitos anos na cidade”, afirmou Rui Porto Maia.
O responsável pelo movimento considerou que cabe à Protoiro – Federação Portuguesa de Tauromaquia tomar as medidas legais que considere mais corretas para inverter a decisão tomada pelos órgãos autárquicos da Póvoa de Varzim, falando em “crime”.
“É algo que viola a nossa constituição, que diz que a tourada faz parte da cultura portuguesa e que nem o Estado nem o poder local a podem proibir”, analisou.
Em contraponto com esta opinião estiveram, também na noite de sexta-feira, dezenas de pessoas nas imediações na praça de touros da Póvoa de Varzim a manifestarem-se contra a realização de touradas.
Nesse protesto, que decorreu sem incidentes, os manifestantes congratularam-se com a decisão da autarquia poveira em ter decretado o fim de espetáculos de tauromaquia na cidade, mas queriam que decisão tivesse “efeito imediato”.
“Aplaudimos a decisão do fim de touradas na Póvoa de Varzim a partir de janeiro de 2019, mas consideramos que devia entrar já em vigor. Não nos conformamos que ainda este ano se realizem duas corridas nesta praça”, disse Bebiana Cunha, empunhando uma bandeira do Partido das Pessoas Animais e Natureza (PAN).
A manifestante lembrou que a decisão tomada pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim “fará com que toda área metropolitana do Porto deixe de estar manchada de sangue a partir do próximo ano”.
“Depois de Espinho ter fechado a praça, a Póvoa de Varzim vai reconverter a sua, tal como já fez Viana do Castelo. Este é um espetáculo medieval que já devia ter terminado. Não podemos concordar que se chame cultura a algo que é infligir sofrimento a um animal”, sublinhou Bebiana Cunha.
A manifestante anti-touradas considerou “ser importante continuar a sensibilizar as pessoas, tanto neste concelho como em outros, para se acabar com este tipo de espetáculos que promovem a violência sobre animais”.
O executivo da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, liderado pelo PSD, aprovou, por unanimidade, no mês de junho, uma proposta “para a interdição da realização, na área do município, de corridas de touros e outros espetáculos que envolvam violência animal”.
O documento foi já em julho ratificado pela Assembleia Municipal local, pela maioria dos partidos com representação no órgão.
Os deputados do CDS votaram contra a proposta, assim como três elementos da bancada do PSD, a força maioritária no concelho poveiro, numa posição, ainda assim, insuficiente para travar a aprovação do ponto, com os votos favoráveis de PS, CDU, BE, PAN e da restante bancada do PSD.
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