Soube-se hoje que, na transcrição de uma conversa entre Afonso Salema e Lacerda Machado, o Ministério Público terá acreditado que os dois falavam do Primeiro Ministro, António Costa, mas na realidade era do Ministro da Economia, António Costa e Silva.
Em causa está um pedido de Afonso Salema para que Lacerda Machado peça ao Governo que leve à Comissão Europeia uma alteração de códigos de atividade económica para data centers. Segundo o canal televisivo CNN Portugal, o Ministério Público acreditou que quando Lacerda Machado diz que ia tentar influenciar "António Costa", refere-se na verdade a António Costa e Silva. Segundo o meio televisivo a falha é perceptível após ouvir-se a escuta.
Na conversa escutada, que aconteceu a 31 de agosto, é audível Lacerda Machado a responder, de acordo com a escuta a que a CNN teve acesso, "´tá bem. Eu vou decifrar se é Economia ou Finanças. Se for Finanças em falo logo com o Medina (ministro) ou com o António Mendes, que é o secretário de Estado. Se for Economia, arranjo maneira depois de chegar ao próprio António Costa"
Esta versão foi confirmada pelo advogado Magalhães e Silva, que à entrada para o Campus de Justiça, em Lisboa, afirmou que foi "o dr. Lacerda Machado que deu sinal ao Ministério Público que havia efetivamente esse lapso e o Ministério Público reconheceu”.
“O que o dr. Lacerda Machado diz é que, se for com o Ministério das Finanças, fala com Fernando Medina, se for Economia ‘arranjarei maneira de falar’ - e o que está transcrito - com António Costa. Ora isto é absurdo, o dr. Lacerda Machado, se quer falar com o dr. António Costa pega no telemóvel e liga-lhe, o que estava em causa era falar com o ministro da Economia, António Costa Silva”, explicou o advogado, apontando que na escuta ouve-se o “Silva”. Segundo Magalhães e Silva, esta era a única escuta na indiciação em que Lacerda Machado fazia referencia direta ao primeiro-ministro, António Costa.
Hoje também foram conhecidos os pedidos do Ministério Público: prisão preventiva para o antigo chefe de gabinete do primeiro-ministro Vítor Escária e para o advogado Diogo Lacerda Machado.
Entretanto, o advogado de Lacerda Machado já respondeu ao pedido do Ministério Público afirmando que espera "que o senhor juíz não siga esta proposta ultramontana do Ministério Público".
Para administrador da Start Campus Afonso Salema foi pedida proibição de contactos e uma caução de 200 mil euros e para o também administrador da empresa Rui Oliveira Neves uma caução de 100 mil euros e igualmente proibição de contactos. Para o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, o Ministério Público pediu como medidas de coação a suspensão do mandato, a proibição de contactos e a proibição de entrar nas instalações da autarquia, ainda segundo a mesma fonte.
*Com Lusa.
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