O “balanço real” desta repressão “é possivelmente superior a 208 mortos”, acrescenta em comunicado a organização não-governamental (ONG) com sede em Londres, ao referir que este novo cálculo se baseia em “informações credíveis” obtidas pelas suas fontes.
Apenas na cidade de Chahriar, província de Teerão, foram registadas dezenas de mortos, “uma das cidades onde o balanço (…) foi dos mais elevados”, segundo a Amnistia.
“Este alarmante balanço é uma prova suplementar de que as forças de segurança iranianas estiveram envolvidas numa horrível matança”, considerou Philip Luther, diretor de investigação da Amnistia para a região do Médio Oriente e África do Norte.
“Demonstra o total desprezo das autoridades iranianas pela vida humana”, acrescentou.
As manifestações, iniciadas em 15 de novembro após o anúncio do aumento do preço dos combustíveis, alastraram rapidamente a pelo menos 40 cidades e localidades, sendo acompanhadas por incêndios ou ataques a estações de serviço, esquadras da polícia, centros comerciais ou edifícios públicos, segundo os 'media' iranianos.
As autoridades iranianas, que consideraram os protestos inseridos numa “conspiração” congeminada no estrangeiro, tinham reagido ao anterior balanço da AI, definido como “exagerado”.
Os responsáveis iranianos não confirmaram a morte de cinco pessoas – quatro membros das forças de segurança mortos pelos “agitadores” e um civil –, e anunciaram cerca de 500 detenções, incluindo 180 “menores”.
No seu comunicado de hoje, a Amnistia exorta a comunidade internacional a tomar medidas para proceder ao julgamento dos responsáveis “desta sangrenta repressão”, e acusa as autoridades iranianas de não terem “qualquer intenção em promover inquéritos independentes e imparciais”.
A ONG afirma ainda que as famílias das vítimas foram ameaçadas e receberam ordens para não fazerem declarações aos 'media' e não organizarem os funerais dos seus próximos.
A Amnistia indica ainda ter analisado e verificado vídeos onde surgem “forças de segurança iranianas a disparar contra diversos manifestantes desarmados”.
O acesso à Internet foi bloqueado no conjunto do país no final da tarde de 16 de novembro, tornando difícil uma avaliação da amplitude da repressão.
O restabelecimento do acesso à Internet foi progressivamente reposto nalguns pontos do país.
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