"A perda de identidade paisagística e as diversas consequências ecológicas associadas à invasão por infestantes lenhosas são problemas que podem tornar-se irreparáveis, se não forem enfrentados com os meios e a capacidade técnica adequada", diz um comunicado hoje divulgado pela associação ambientalista Quercus e pela Associação Nacional dos Engenheiros e Técnicos do Setor Florestal.
As organizações apontam estimativas que referem estarem estas espécies a ocupar 60 mil hectares e originar "perdas anuais de 10 milhões de euros", além de agravarem o risco de incêndio e serem "uma séria ameaça" para a biodiversidade.
Defendendo a urgência de o Estado apostar no controlo das invasoras lenhosas, "já que, atualmente, o investimento neste domínio é quase nulo", as organizações propõem medidas de curto prazo, como um plano de emergência para evitar a infestação por acácias das zonas ardidas em 2017, nomeadamente no Pinhal de Leiria.
A elaboração de planos de ação para eliminação a curto prazo das acácias das áreas protegidas e parques e para travar a expansão desta espécie ao longo da rede rodoviária, a realização de inventários que produzam resultados em tempo real e de campanhas de divulgação das boas práticas para controlo de invasoras lenhosas, assim como a criação de uma Comissão de Acompanhamento para a Vigilância, Prevenção e Controlo das Infestantes Lenhosas são as medidas listadas.
As acácias, um dos exemplos mais preocupantes de espécies exóticas em Portugal, foram introduzidas como plantas ornamentais e para a fixação de taludes e barreiras à expansão de zonas dunares costeiras, mas atualmente formam "matas cerradas com dezenas de milhares de plantas por hectare e produzem vários milhões de sementes que podem manter-se viáveis durante décadas", explicam os ambientalistas, realçando serem uma ameaça em várias áreas protegidas.
Acrescentam que a germinação destas sementes é estimulada pelos incêndios e, devido ao rápido crescimento das plantas, acabam por dominar as restantes espécies.
As organizações defendem a necessidade de atuar na erradicação dos novos focos de invasão e de controlar as populações de invasoras já estabelecidas, e alertam que o trabalho dos técnicos que investigam novos meios para controlar a explosão de acácias "não é suficiente para quebrar este processo".
Por isso, "é necessário atuar no terreno, despertar a opinião pública e consciencializar os responsáveis pela gestão do território", salientam.
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