É “fundamental agora que o Governo português atue com mais celeridade e firmeza no sentido de serem acautelados os interesses nacionais", afirmou à agência Lusa o vice-presidente da Quercus, Nuno Sequeira.
O Conselho de Segurança Nuclear (CSN), organismo que autoriza e vigia o funcionamento das centrais nucleares em Espanha, decidiu na terça-feira dar um parecer favorável à proposta do Ministério da Energia espanhol de estender esse prazo e facilitar a vida aos proprietários das centrais nucleares.
Neste momento, uma central nuclear espanhola tem de pedir a renovação da licença de exploração três anos antes que acabe a autorização em vigor, que no caso de Almaraz é a 08 de junho de 2020.
Para o responsável da Quercus, esta decisão “é a confirmação de que têm surtido efeito as fortes movimentações em Espanha para que a central não encerre no prazo definido (junho 2020)” e Portugal deve "recorrer, de novo, e com urgência, às entidades europeias".
Esta alteração autorizada pelo CSN permite que as empresas Gas Natural Fenosa, Iberdrola y Endesa possam solicitar a renovação da licença de Alamaraz dois meses depois de o Governo aprovar o Plano Integral de Energia e Clima ou, "o mais tardar", no momento em que cada central tenha de apresentar a sua Revisão Periódica de Segurança.
Nuno Sequeira argumenta que a alteração, "na prática, adia a data do pedido de renovação da licença de funcionamento desta central em cerca de dois anos, e vem, desde já, prolongar o período de vida de Almaraz para além de 2020, uma vez que não será possível respeitar de forma nenhuma esta data".
A central nuclear de Almaraz, que está já a funcionar desde o início dos anos 80, acabou por não encerrar na data prevista (junho de 2010), porque o Governo espanhol prolongou, contrariamente às anteriores intenções, o seu prazo de funcionamento por mais 10 anos, até junho de 2020.
"Esta decisão tomada pelo CSN e pelo Governo espanhol é inadmissível, uma vez que confirma a suspeita que estes possam dar autorização para a central continuar em funcionamento por mais 10 ou 20 anos, constituindo-se assim Almaraz como um dos maiores perigos para toda a Península Ibérica e Europa", conclui.
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