A segunda sessão do julgamento iniciou-se hoje de manhã e acabou por se estender pela tarde, devido à falta de uma testemunha, uma assistente social, da qual a advogada de Diana Fialho, Tânia Reis, não quis prescindir de ouvir.
Para o juiz Nuno Salpico, não havia “necessidade de prolongar o julgamento por muito mais tempo”, mas, ainda assim, decidiu ouvir a pessoa em falta na última sessão, marcada para sexta-feira, pelas 14:00, o momento em que também serão proferidas as alegações finais.
Foi Tânia Reis que indicou esta testemunha e, em declarações aos jornalistas, classificou a sua presença como “imprescindível” para relatar ao tribunal “toda a infância de Diana, desde a escola primária até ao momento em que é adotada”.
A fase final da audiência de hoje ficou também marcada pelo depoimento de Diana Fialho e Iúri Mata, que falaram pela primeira vez em julgamento, respondendo a algumas perguntas sobre o relatório social.
Apesar de o advogado do arguido ter voltado a informar que o seu constituinte “não está em condições [de falar], nem se lembra da data de hoje”, Iúri Mata conseguiu responder a todas as perguntas do juiz, indicando os locais onde trabalhou, vencimentos e quem o tem visitado na prisão.
Já Diana Fialho deu conta que teve “internamento psiquiátrico aos 14 e aos 18 anos”, primeiro devido à “grande depressão pelo falecimento da avó” e, mais tarde, por não “estar a conseguir tirar o curso”, passando a tomar medicação até aos 20 anos.
“Tinha muito boa relação com a minha avó. Passei muito mal porque era com a minha avó que eu passava mais tempo, a minha mãe estava sempre a trabalhar”, referiu.
Na parte da manhã, uma colega e amiga de Amélia Fialho disse que os problemas com a filha adotiva da vítima iniciaram-se quando Diana Fialho começou a namorar com Iúri Mata e que achou estranho uma das declarações do arguido, aquando o desaparecimento.
“Lembro-me do Iúri me perguntar, ‘se ela tiver mesmo desaparecido como é que chegamos às coisas dela?’ e, naquela altura, fiquei triste. A Diana estava presente, mas não consegui ver o rosto dela, nem se fez algum gesto. Caiu-me a ficha, eu numa situação daquelas estaria a chorar”, referiu.
Já a psiquiatra de Iúri Mata, Maria Esteves, que foi consultada pelo arguido em 2016, informou que nesse período o arguido estava com uma “depressão intensa” devido a problemas com o pai e a pressão nos estudos.
No entanto, indicou que apesar de o pai do arguido ter “manifestações psicóticas”, na altura não se manifestava no Iúri.
Os restantes cinco testemunhos nesta sessão, familiares ou amigos do arguido, manifestaram que Iúri Mata era uma pessoa “simpática, sociável e estudiosa”, incluindo a mãe, que se emocionou.
O julgamento iniciou-se em 04 de julho e ambos os arguidos remeteram-se ao silêncio, apesar de o advogado de Iúri Mata ter esclarecido que o seu cliente não estava em condições de o fazer “por esta sob efeito de forte medicação”.
A primeira sessão ficou marcada pelo depoimento da inspetora da Polícia Judiciária (PJ), Fátima Mira, que participou na investigação do crime e garantiu que foi Iúri Mata que ajudou a “fazer o reconhecimento e reconstituição do crime, por se encontrar “arrependido na altura”.
Diana Fialho e Iúri Mata estão acusados pelo Ministério Público (MP) pelos crimes de homicídio qualificado e profanação de cadáver.
Segundo o despacho de acusação do MP, os arguidos “gizaram um plano para matar Amélia Fialho, de 59 anos, e, ao jantar, colocaram fármacos na bebida da vítima que “a puseram a dormir”, tendo desferido “vários golpes utilizando um martelo”, que causaram a morte da professora.
Após o homicídio, relata a acusação, os arguidos embrulharam o corpo e colocaram-no na bagageira de um carro, deslocando-se até um terreno agrícola, em Pegões, no Montijo, onde, com recurso a gasolina, “atearam fogo ao cadáver”.
Foi em 7 de setembro de 2018 que a filha adotiva e o genro da vítima foram detidos e presentes a tribunal, o qual decretou a medida de coação de prisão preventiva. A arguida está no Estabelecimento Prisional de Tires, enquanto o homem no do Montijo.
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