O relatório de gestão dos resíduos urbanos, apresentado hoje em conferência de imprensa em Ponta Delgada pela secretária regional da Energia, Ambiente e Turismo, e pelo diretor regional do Ambiente, mostra que a produção aumentou 3,4%, uma inversão da tendência de redução dos últimos dois anos, ultrapassando a estimativa do Plano Estratégico de Gestão de Resíduos dos Açores (PEPGRA) em 0,8%.
Ainda assim, a secretária regional, Marta Guerreiro, frisou que os dados “mostram que os Açores são a região do país com melhores desempenhos na gestão de resíduos”.
Foi São Miguel a ilha que mais contribuiu para esse aumento: na maior ilha dos Açores foram produzidas em 2018 85.803 toneladas de lixo, um aumento de 5,1% em relação a 2017, seguindo-se a Terceira, com 34.171 toneladas, um incremento de 3% em relação ao ano anterior.
A região apresenta uma taxa de valorização de resíduos de 54,6%, destacando-se o aumento de 16,1% da valorização material face a 2017 e a taxa de preparação para a reutilização e reciclagem de 37,6%, sendo que a meta estabelecida para 2020 é de 50%, que deverá ser atingida com a instalação de unidades de tratamento mecânico e biológico na ilha de São Miguel.
Os Resíduos Urbanos Biodegradáveis eliminados em aterro foram de 60% da quantidade de referência, 16.216 toneladas, um valor que o executivo espera que reduza para 35% em 2020.
Marta Guerreiro sublinhou o facto de sete das nove ilhas, as de menor população, “terem atingido taxas de valorização material e orgânica acima dos 81%, sendo que as ilhas das Flores, Corvo, Faial e Santa Maria alcançaram o objetivo ‘aterro zero'”.
Registou-se ainda “apenas uma pequena parte do refugo dos respetivos Centros de Processamento de Resíduos a ser eliminada no aterro intermunicipal de São Miguel” nas ilhas da Graciosa e São Jorge, com valores de 0,5% e 1,1%, respetivamente, devido a dificuldades no transporte dos resíduos.
“O aspeto mais crítico dos dados de 2018 tem a ver com a circunstância de 71,3% dos resíduos urbanos da maior ilha dos Açores, São Miguel, continuarem a ter como destino a eliminação em aterro, fazendo com que esta ilha contribua com 95% do total de resíduos urbanos eliminados em aterro”, frisou Marta Guerreiro.
A governante destacou que o lançamento do concurso para a instalação de uma unidade de tratamento mecânico da MUSAMI na ilha é “um primeiro passo para uma mudança urgente e absolutamente necessária”.
Sobre esta unidade, o diretor regional do Ambiente, Hernâni Jorge, avançou que deverá retirar “vidro, metal, plástico e ECAL dos resíduos indiferenciados numa quantidade estimada de cerca de quatro mil toneladas”.
A essa unidade, deverá seguir-se a criação de uma unidade de tratamento biológico, que tratará 9.600 toneladas de resíduos biodegradáveis.
Com estes dois investimentos, “são 13.600 toneladas, que representam, olhando para dados de 2018, 12,5 por cento da produção de resíduos urbanos recicláveis” que são retirados de aterro.
“A mera implementação das unidades de tratamento mecânico e biológico na MUSAMI permitir-nos-iam, se estivessem em pleno funcionamento, alcançar a meta de valorização e reciclagem, de reutilização de reciclagem, de 50%”, concluiu o governante.
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