Igor Khashin, membro da Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo) que participou nos últimos meses no acolhimento de refugiados ucranianos e antigo presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, é monitorizado pelo Serviço de Informações e Segurança há vários anos, segundo o Expresso, que cita fontes próximas do Governo e da Assembleia da República
“Igor Khashin era mais do que conhecido pelos serviços de informações. Estava identificado e sob observação dos serviços, que não fazem investigação criminal mas enviam relatórios”, diz uma destas fontes ao semanário.
De acordo com outra fonte, citada no mesmo meio, explica que organizações como o Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, de que Khashin foi presidente, são acompanhados com mais atenção desde 2014, depois da anexação da Crimeia pela Rússia.
No entanto, o jornal sublinha que não existe qualquer investigação de foro criminal na Polícia Judiciária e no Ministério Público relativa às atividades deste russo. “Se o Alto Comissariado para as Migrações, que o Governo delegou para investigar o caso, averiguar a existência de algum tipo de crime neste processo agiremos em conformidade e será então aberto um inquérito”, diz fonte judicial ao Expresso.
Ontem, no ‘briefing’ do Conselho de Ministros, Mariana Vieira da Silva defendeu que “o Governo, neste e noutros processos de acolhimento de refugiados, sempre teve em conta a necessidade de se precaver sobre quem faz esse acolhimento e sempre atuou recorrendo aos órgãos que o Estado português tem que acompanham estes assuntos, para garantir que o acolhimento era feito da melhor maneira”.
A ministra da Presidência referiu que essa atenção do Governo “era verdade noutros momentos de acolhimento de refugiados” e “é verdade” no que se refere atualmente ao acolhimento de refugiados ucranianos.
Questionado pelos jornalistas se, no anterior Governo, quando a ministra da Presidência ainda tutelava a pasta das Migrações, recebeu alguma denúncia de uma associação ucraniana no que se refere a acolhimento de refugiados por cidadãos russos, Mariana Vieira da Silva respondeu: “Denúncias no sentido que pergunta não, mas havendo notícias públicas houve naturalmente uma resposta do Governo como neste momento também existe”.
Na semana passada, o Expresso noticiou que ucranianos foram recebidos na Câmara de Setúbal por russos simpatizantes do regime de Vladimir Putin, que fotocopiaram documentos dos refugiados da guerra iniciada em 24 de fevereiro com a invasão militar russa da Ucrânia.
Segundo o jornal, pelo menos 160 refugiados ucranianos já teriam sido recebidos pelo russo Igor Khashin e pela mulher, Yulia Khashin, funcionária do município.
Ainda de acordo com o Expresso, a Edintsvo foi subsidiada desde 2005 até março passado pela Câmara de Setúbal, e Igor Kashin e Yulia Khashin terão também questionado os refugiados sobre os familiares que ficaram na Ucrânia.
O Governo ordenou, entretanto, uma investigação ao município de Setúbal pela Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) e uma sindicância a realizar pela Inspeção-Geral de Finanças, face às denúncias de alegadas irregularidades no acolhimento de refugiados ucranianos.
Esta semana, a Câmara de Setúbal anunciou que tinha sido oficialmente informada do início das diligências para apurar eventuais falhas na receção de refugiados ucranianos, tendo o presidente da autarquia apelado, na sessão pública de câmara, a que se evite falar do assunto publicamente.
“Face à comunicação que já hoje recebemos […] entendemos que a partir deste momento, até à conclusão destas diligências, deveremos evitar voltar a comentar publicamente este assunto”, disse André Martins.
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