Acordei com a notícia de que tinha havido uma explosão no aeroporto de Bruxelas. Foi o meu marido que telefonou a avisar, a partir do Parlamento Europeu, onde trabalha. O meu filho tinha ido ontem para Portugal, apanhando um voo no mesmo aeroporto. Logo a seguir, vejo nas notícias belgas que uma explosão tinha ocorrido na estação de metro de Maalbeek, junto às instituições europeias. O meu coração dispara. Aguardo ansiosamente que o meu marido regresse a casa.
Neste momento o ambiente em Bruxelas é de sirenes. É a única coisa que se ouve por toda a cidade. O barulho de aviões parou completamente. Eu moro a 10 minutos do aeroporto, e por aqui passam sempre muitos aviões, mas agora é o silêncio total.
As ruas estão desertas de pessoas. O número de tropas quadruplicou nas últimas horas, principalmente junto aos edifícios das instituições europeias e edifícios governamentais. Junto ao Parlamento Europeu, por exemplo, estavam às primeiras horas dois ou três, neste momento elevou para mais de 30. Os edifícios governamentais estão fechados. E não esperam abrir nos próximos dias.
Desde as explosões no aeroporto, que está a haver uma verdadeira peregrinação de pessoas que estão a ir a pé do aeroporto para Bruxelas, para as suas casas.
Mais uma vez, a reação das entidades de segurança belgas foi lenta face aos “atentados” de hoje. Isto acontece devido a burocracias administrativas do país.
Desde os atentados de Paris que esperamos que uma situação destas aconteça em Bruxelas, mas sempre na expectativa que tudo permaneça calmo. Infelizmente esse dia chegou. Não percebo como com tantos alertas, segurança armada a circular todos os dias nos principais pontos de Bruxelas, uma situação destas aconteça. Vivo fora do centro, numa zona calma, mas neste momento a calmaria é algo relativo.
Percorro as notícias nos meios belgas e todos dizem o mesmo: o número de mortos aumenta na sequência das explosões no aeroporto, ruas fechadas no centro de Bruxelas (funcionários das instituições europeias proibidos de saírem dos edifícios) e um cenário de terror. O nível de alerta de segurança está no máximo. Faz-me recordar o mês de novembro, quando estivemos em alerta máximo durante três meses na sequência dos atentados de Paris. Os meus filhos, que frequentam uma escola europeia, tinham polícia à porta da escola; não podiam frequentar o recreio, os pais estavam proibidos de entrar na escola, eventos cancelados… Prevejo a mesma rotina para depois das férias da Páscoa.
As mensagens trocadas com o meu marido neste momento são mais que muitas, para perceber como é que ele vai regressar a casa. As respostas tardam em chegar. Ele confirma que neste momento ninguém pode sair.
Susana Krauss
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