“A democracia tem sempre respostas, a democracia – que é naturalmente uma responsabilidade permanente de todos os cidadãos, de todos — exige que todos os cidadãos participem, que todos os cidadãos votem e, se porventura for assim, as saídas existem , as estratégias definem-se e o futuro pode ser um bom futuro”, afirmou aos jornalistas o antigo Chefe de Estado, quando questionado sobre que país pensa que “acordará” no dia seguinte ao das eleições.
Ramalho Eanes falava aos jornalistas à margem da cerimónia de entrega da primeira edição do prémio Álvaro Batista Gonçalves, atribuído ao professor de matemática Fernando Pena, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, onde participou na qualidade de presidente do júri.
O general que foi Presidente da República entre julho de 1976 e março de 1986 recusou-se a responder a perguntas sobre a campanha eleitoral que está a decorrer.
“Eu decidi não ter nesta campanha qualquer participação e resolvi não ter qualquer participação porque entendi que a minha participação neste caso não seria importante e poderia até causar alguma perturbação”, explicou.
O primeiro Presidente eleito em democracia manifestou-se, porém, “preocupado” com a quantidade de indecisos apontados pelas sondagens.
“Não sei se temos uma abstenção grande em Portugal ainda, [mas], por acaso, estou preocupado, porque dizem os jornalistas – e eu acredito – que nesta altura haja muitos portugueses indecisos e eu espero que não fiquem indecisos e se abstenham, mas que decidam e votem”, vincou.
Relativamente ao prémio, Ramalho Eanes considerou-o a prova de que “a matemática não é um ‘papão'”, mas uma disciplina onde é possível obter sucessos, desde que os professores se empenhem e que “tenham, naturalmente, condições para se empenharem”.
“Para eles, professores, os alunos são sempre o mais importante e é para eles que os professores trabalham. Obviamente, para que haja uma disponibilidade completa, tem de haver uma situação psicológica estável e é isso que não tem acontecido em Portugal e que eu espero que aconteça agora a seguir”, apontou.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar no domingo para eleger 230 deputados à Assembleia da República. A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.
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