De acordo com o relatório do Banco Mundial de 2020, Portugal está entre os quarenta países mais propícios para fazer negócio, à frente de outros países europeus como a Holanda, a Bélgica ou a Itália. Já tinha sido anteriormente destacado, no relatório de 2018, como um dos países mais favoráveis para o desenvolvimento de novas startups e tecnologia do mundo. Mas afinal o que faz do nosso país o local ideal para iniciar um negócio? A resposta é um ecossistema próspero, que promove o desenvolvimento tecnológico.

De norte a sul do país e regiões autónomas, Portugal oferece diversos programas de apoio e investimento para novas startups. O seu crescimento ao longo dos últimos anos tem sido notável e a uma taxa mais rápida do que a média europeia. Para além do aumento do volume de investimento, essencial para o sucesso dos projetos, o país possui uma comunidade dinâmica, com players ativos que promovem a colaboração e criação de redes de alcance global com acesso aos mercados internacionais. Em 2019, o investimento estrangeiro no ecossistema era já de 87,59%, sendo maioritariamente de Venture Capital (93%) [Capital de Risco].

O ecossistema carateriza-se, ainda, pelo elevado grau de escolaridade  dos seus fundadores e pelo fácil acesso a recursos humanos qualificados  A educação para o empreendedorismo tem sido também um ponto de destaque ao longo dos últimos anos, com várias instituições a adotarem metodologias e ferramentas da Escola do Empreendedorismo. A forte presença de núcleos universitários e comunidades de investigação é sinónimo de um ambiente propício ao desenvolvimento de novas ideias com bases científicas e, daí, cidades como Lisboa, Porto ou Coimbra atraírem maior investimento.

De salientar o papel proactivo dos municípios, através de iniciativas de apoio institucional à propriedade, participação no capital das incubadoras, disponibilização de espaço ou dinamização de atividades como mentoring, formação, programas de aceleração ou eventos. A esmagadora maioria das Câmaras Municipais apoia direta ou indiretamente uma ou mais incubadoras no seu concelho e muitas têm, igualmente, fundos de apoio a startups ou outros mecanismos de facilitação ao investimento, o que se traduz numa maior dinamização da economia local, na atração de investimento e na criação de postos de trabalho.

A imagem internacional do nosso país, enquanto centro de inovação tecnológica, deve-se, também, ao acolhimento de eventos internacionais, como o caso do Web Summit, em Lisboa, que ajudou a catapultar a capital para o mapa dos startup hubs e a ser considerada como a nova Silicon Valley.

Nesse sentido, é importante continuar o caminho que tem vindo a ser seguido de estímulo e de apoio à inovação no país, com iniciativas semelhantes às que a Startup Portugal tem vindo a promover, tais como o Startup Voucher, o Startup Visa ou o apoio ao financiamento através da mediação com outros organismos público-privados.

A robustez do ecossistema tem contribuído para alguma impermeabilidade face ao impacto provocado pela atual crise económica, resultante do surto pandémico da COVID-19. E embora o futuro seja de incertezas, as perspetivas de crescimento mantêm-se (40% prevê expansão e 30% manutenção dos seus investimentos) e os fundadores e CEOs das startups nacionais estão otimistas (45%) em relação ao período que se segue, tal como mostra o estudo preliminar “O Impacto da COVID-19 no Ecossistema de Startups Nacional”. 


Opinião de Bruno Curto Marques (Government & Public Sector Lead) e Sara Rego (Business Design & Transformation) da Ernst and Young, entidade parceira da Startup Portugal na realização do estudo preliminar “O Impacto da COVID-19 no Ecossistema de Startups Nacional”.