A iniciativa foi convocada pela Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT), afeta à CGTP-IN, e juntou pessoas de vários pontos do país, no âmbito de uma ação nacional de luta.

“Para os patrões são milhões, para os trabalhadores só tostões”, gritaram os manifestantes, que aprovaram, por unanimidade e com aclamação, uma moção que foi entregue no Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, onde exigem “apoio direto aos trabalhadores que foram ou são penalizados nos seus rendimentos mensais”.

Os trabalhadores daqueles setores pedem ainda ao Governo a "reabertura imediata de todas as empresas, estabelecimentos e serviços de alojamento, restauração, bebidas e similares".

Em declarações à Lusa, a dirigente sindical e coordenadora da FESAHT, Maria das Dores Gomes, explicou que a manifestação foi convocada para demonstrar “descontentamento relativa às medidas que o Governo tem tomado, que representam sobretudo medidas para as empresas”.

“Desde que começou a pandemia, temos milhares e milhares [de trabalhadores] que caíram no desemprego, não viram os contratos revistos, outros de imediato fecharam as empresas, nunca mais soubemos do paradeiro dos patrões”, acrescentou a responsável, que alertou também para os baixos salários praticados no setor, que, em situação de ‘lay-off’, fica ainda mais reduzido.

Os manifestantes contestaram também as medidas restritivas implementadas pelo Governo aos fins de semana, que dizem “não fazer sentido nenhum”, sobretudo depois dos investimentos feitos pelas empresas para garantir medidas de segurança dentro dos estabelecimentos.

“O vírus não tem hora para apanhar, o vírus não tem dia para apanhar e, por isso, eu acho que isto são medidas que não têm sentido nenhum, só estão a prejudicar o trabalhador”, disse à Lusa Vera Oliveira, que trabalha no bar de um hotel e decidiu juntar-se ao protesto de hoje.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, marcou presença na manifestação e defendeu, em declarações aos jornalistas, que “é o momento de haver um grande acordo entre o Estado e o setor da restauração, um acordo em que é dado um apoio, sim, porque ao setor foram pedidas limitações em nome da saúde de todos, mas em que é exigido o cumprimento dos direitos dos trabalhadores”.

A coordenadora do BE lembrou a informalidade e ilegalidade laboral que existe no setor da restauração e similares e que os relatos de abusos aos direitos dos trabalhadores “têm sido imensos”.

Também presente esteve o candidato do PCP às próximas eleições presidenciais, João Ferreira, que defendeu apoios diretos aos trabalhadores daquele setor, que, na generalidade, têm baixos salários”.

“Nós precisamos – e é aqui que aquele que jura cumprir e fazer cumprir a Constituição tem uma responsabilidade especial – nós precisamos de medidas de fundo no sentido de valorização destes trabalhadores. Nós temos hoje em Portugal um salário mínimo que arrasta trabalhadores para a pobreza”, apontou.

A FESAHT disse ter já solicitado várias reuniões ao Governo, designadamente junto do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do Ministério da Economia, mas queixou-se de serem “sempre” privilegiadas as grandes empresas, as confederações e as associações patronais, em detrimento dos sindicatos.

Na moção hoje entregue no Ministério, a FESAHT exige, ainda, a retoma da atividade dos bares dos comboios e barcos, a anulação de todos os despedimentos coletivos e individuais, a reintegração de todos os trabalhadores despedidos e a “reposição de todos os direitos dos trabalhadores”, como “férias, horários, prémios, subsídios e outras prestações contributivas”.

[Atualizada às 14:56]