Apesar “da pandemia e das questões de segurança, que criam limitações, estimamos uma boa presença de pessoas que contestam” o despedimento, não só as pessoas que estão na lista, “que são mais 200”, mas também “da solidariedade dos outros trabalhadores”, afirmou, em declarações à Lusa, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Altice em Portugal, Jorge Félix.
Para hoje, está prevista uma concentração de trabalhadores em Picoas, em frente às instalações da Altice, em Lisboa, pelas 14:30, seguindo depois para os ministérios das Infraestruturas e do Trabalho.
Os sindicatos querem que o primeiro-ministro, António Costa, se pronuncie sobre o despedimento, “dado que a própria Altice se tem pronunciado no sentido de que a responsabilidade destes despedimentos é essencialmente do regulador e da cumplicidade do Governo, nomeadamente do Ministério das Infraestruturas”, prosseguiu o sindicalista.
“Como mete o Governo, os sindicatos da Frente Sindical consideram que estamos perante um despedimento político forçado” resultado de uma “contenda entre as decisões economicistas da empresa e o regulador e o Governo”, salientou.
Por isso, “entendemos que o Governo tem de ter uma palavra, nomeadamente o primeiro-ministro”, reforçou, recordando que foi pedida uma reunião com António Costa, mas que até agora “não foi conseguida”.
O primeiro-ministro “endereçou-nos a ministra do Trabalho e o das Infraestruturas e, por isso, dirigimo-nos para estes dois ministérios” hoje, argumentou Jorge Félix.
A paralisação foi convocada pelos sindicatos da Frente Sindical.
Jorge Félix não espera que a greve tenha “um grande impacto”, já que a Altice Portugal é uma empresa muito automatizada, admitindo alguns impactos no atendimento.
A greve é mais “uma questão simbólica de protesto, não tem efeitos nocivos para a população”, referiu.
Em 22 de junho, a dona da Meo anunciou que iria avançar com um despedimento coletivo, uma decisão que classificou de “difícil”, mas “indispensável, essencialmente devido ao contexto muito adverso” que se vive no setor das telecomunicações.
A empresa liderada por Alexandre Fonseca elencou “o ambiente regulatório hostil, a falta de visão estratégica do país, o contínuo, lamentável e profundo atraso do 5G [quinta geração], bem como a má gestão deste dossiê, e ainda as múltiplas decisões unilaterais graves da Anacom e de outras autoridades, sempre com a cobertura da tutela, e que ao longo dos últimos quatro anos destruíram significativamente valor”.
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