Os resultados constam do estudo Be Positive, da autoria da psicóloga Margarida Gaspar de Matos, com base num inquérito a 2.700 jovens portugueses entre os 16 e os 29 anos, em que a média de idade rondou os 21,3 anos.
Uma das principais conclusões deste estudo aponta para que os jovens vão perdendo a autoestima e a autoconfiança à medida que crescem.
“Os jovens mais novos parecem ser mais confiantes, sobretudo no que diz respeito à aparência e à autoconsciência e sentem-se também mais competentes em situações sociais, em comparação com os mais velhos”, revela o estudo.
Tendo em conta uma perspetiva de desenvolvimento, os resultados surpreenderam na medida em que sugerem que os jovens precisam de ter mais apoio e suporte no sentido de “como crescer sendo saudável, feliz e positivo”.
O estudo aponta ainda para a evidência de que os jovens com um estatuto socioeconómico mais elevado apresentam melhores resultados em termos de desenvolvimento (PYD – Positive Youth Development), sobretudo perceção de confiança e de competência.
No entanto, são estes mesmos jovens que demonstram ter menos valores pessoais e consciência social, aspetos que se enquadram no caráter (segundo a teoria dos 5‘C’ - Confiança, Competência, Conexão, Cuidados e Caráter – consideradas as características básicas determinantes nos comportamentos dos jovens, em termos académicos, de saúde, bem-estar e qualidade de vida).
Este maior desinteresse pelos outros foi também demonstrada pelos jovens com auto perceção de competência académica, um resultado que também surpreendeu os investigadores.
“Ambas as associações negativas podem fazer surgir a ideia de que ter um estatuto socioeconómico mais elevado e ser um estudante bem-sucedido podem ser independentes do desenvolvimento de valores pessoais adequados”, conclui o estudo.
Relativamente às questões associadas com a escola/universidade, os jovens que apresentam melhores resultados de PYD são também os que se sentem frequentemente menos aborrecidos na escola e que apresentam menor pressão com os trabalhos escolares.
Quanto a diferenças de género, os resultados não foram significativas à exceção, precisamente, da perceção relativa às questões sociais que parecem preocupar mais as raparigas do que os rapazes.
Ainda no capítulo das desigualdades de género, existe maior pressão social e falta de oportunidades para as raparigas.
No que diz respeito ao “tomar o pequeno-almoço” (que é muitas vezes considerado como o melhor indicador único de saúde e bem-estar para a população jovem), aqueles que apresentam melhores resultados de PYD são os que reportam hábitos mais estáveis e frequentes de toma do pequeno-almoço.
Por fim, relativamente às “preocupações” (condição bastante prevalente e que pode prejudicar o bem-estar dos jovens), os que evidenciam melhores resultados de desenvolvimento (PYD) são os que se preocupam menos e cujas preocupações são menos intensas.
Nesta mesma linha, o estudo conclui que quando maior a intensidade das preocupações, mais presentes estão os valores de cuidar, os valores pessoais e a consciência social.
Este relatório é o resultado de uma investigação baseada no conceito de Positive Youth Development realizada pelo estudo nacional Health Behaviour in School-aged Children (HBSC/WHO), na sua extensão aos Jovens Universitários Portugueses (HBSC/JUnP), e que procura avaliar os comportamentos de saúde em população jovem.
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