Com base na análise de dados da Entidade Reguladora da Água e dos Resíduos (ERSAR), a Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, concluiu que "cerca de 30% da água captada, tratada, transportada, armazenada e distribuída, o que corresponde a 242 milhões de metros cúbicos por ano, não chega a ser faturada aos utilizadores".
Esta situação "equivale a perdas económicas estimadas pela Zero em cerca de 235 milhões de euros por ano", acrescenta uma informação divulgada pela associação a propósito do Dia Mundial da Água, que hoje se assinala e cujo tema é o desperdício deste recurso.
"A informação processada é impressionante e demonstra o muito que há ainda a fazer para melhorar a eficiência do uso da água", realçou a associação liderada por Francisco Ferreira.
Entre as entidades mais eficientes, a Infraquinta, empresa municipal de Loulé, no Algarve, que gere o abastecimento de água à Quinta do Lago (1.674 alojamentos), é a primeira, com perdas que não ultrapassam 6,3%, seguida da EPAL (322.813 alojamentos), da região de Lisboa, com 8,5%, e da Indaqua Santo Tirso/Trofa (40.317), com 10,7%.
Ao contrário, o município de Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, é aquele com perdas de água de maior dimensão, com 77,3% do total (11.658 alojamentos), em segundo lugar estão Amarante, Arouca, Baião, Celorico de Basto e Cinfães, com gestão da Águas do Norte, em resultado da parceria entre o Estado e os municípios, com perdas de 75,1% (72.659 alojamentos), e em terceiro a autarquia de Cabeceiras de Basto, no distrito de Braga, com 73,8%.
Das 256 entidades gestoras analisadas, entre municípios ou empresas, privadas ou públicas, nas quais as autarquias delegam ou concessionam o abastecimento de água, segundo as contas da Zero, "171 apresentam uma qualidade insatisfatória na gestão física e económica da água, já que apresentam valores de água não faturada entre 30% e 77%".
"É também evidente a não disponibilização de dados por parte de 22 municípios, um comportamento que denota não só displicência por parte destas entidades, mas também um total desrespeito para com a ERSAR, face às exigências legais de reporte anual" de informação, criticou.
O conceito de água não faturada inclui a utilização ilegal, as perdas reais, por roturas ou por mau uso, bem como as ofertas deste recurso natural a entidades ou a cidadãos, "sem qualquer registo ou transparência".
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