Ao longo deste fim de semana, o clima esteve tenso no Centro Cívico Edmundo Pedro, em Lisboa, e houve vários momentos de exaltação.
Eram pouco mais de uma centena as cadeiras para membros e apoiantes, na maior parte do tempo, poucas para todos os congressistas.
Em cima da mesa estava a resolução da Assembleia do Livre que propunha que fosse retirada a confiança política à única deputada que o partido conseguiu eleger nas legislativas de outubro.
No primeiro dia, a deputada chegou disse logo à chegada ao congresso, aos jornalistas, que estava “completamente fora de questão” renunciar ao mandato e deixar a Assembleia da República.
Antes, o membro do Conselho de Jurisdição Ricardo Sá Fernandes apelou ao consenso e anunciou que iria dar entrada uma proposta para que a decisão sobre a retirada da confiança política à deputada fosse adiada e entregue de novo aos órgãos internos do partido.
Na primeira intervenção que fez ao congresso, a seu pedido, Joacine Katar Moreira disse estar “de consciência tranquilíssima”.
Numa segunda intervenção, a deputada exaltou-se e disse: “Isto é inadmissível, isto é mentira, tenham vergonha, mentira absoluta!”, batendo no púlpito onde subiu para reagir às considerações contidas na resolução da 42.ª Assembleia do partido.
O órgão máximo entre congressos alegou, na resolução, dificuldades de comunicação entre a direção do Livre e a deputada, bem como não ter acatado indicações, por exemplo, quanto ao Orçamento do Estado e a sua votação na generalidade.
O fundador do partido Rui Tavares, membro da Assembleia, votou a favor da resolução naquele órgão e no congresso votou pelo adiamento da decisão em relação à confiança política em Joacine Katar Moreira, ao lado da deputada e de Ricardo Sá Fernandes.
No sábado, Joacine Katar Moreira afirmou que vê o adiamento como “um voto de confiança” e hoje admitiu fazer as cedências que “forem necessárias” para melhorar as relações, caso os órgãos do partido façam o mesmo.
Por seu turno, o Grupo de Contacto (direção) respondeu que, se “por um ato milagroso, houver uma mudança de atitude por parte da deputada”, está disposto a trabalhar com Joacine Katar Moreira no futuro.
Depois de os congressistas terem aprovado 14 moções – com temas desde a ecologia ao experimentalismo na organização interna –, foram eleitos os novos órgãos.
A votação secreta para o Grupo de Contacto (direção), o Conselho de Jurisdição e a Assembleia decorreu no sábado, ao longo de todo o dia, e hoje foram dados a conhecer os resultados.
As únicas listas concorrentes ao Grupo de Contacto e ao Conselho de Jurisdição foram eleitos com 95 votos, de 110 possíveis, e 66 votos de um total de 109.
Dos 15 membro que compõem a direção, oito são novos. No encerramento do congresso, o Grupo de Contacto sublinhou que “o congresso votou pela continuidade” de pessoas e ideias.
Joacine Katar Moreira, que neste mandato deixa de integrar o Grupo de Contacto (ou qualquer outro órgão), não votou. Por outro lado, Rui Tavares e Ricardo Sá Fernandes foram reeleitos na Assembleia e no Conselho de Jurisdição, respetivamente.
A única vez que Joacine Katar Moreira se dirigiu a Rui Tavares foi no período de discussão das moções, durante esta manhã, apesar de os dois terem estado sentados a poucos lugares de distância, não tendo sido possível perceber sobre o que conversaram.
Aos jornalistas, o fundador do Livre não quis revelar o teor da conversa, observando que não iria falar sobre “conversas privadas, nem sequer conversas privadas que são mais para a fotografia”.
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